Brasil


Por causa de flexibilização precoce, covid-19 pode se adaptar e permanecer no Brasil, diz infectologista


Publicado 13 de junho de 2020 às 12:04     Por Roberta Cesar     Foto Tomaz Silva / Agência Brasil

O epidemiologista e professor livre docente pela Universidade de São Paulo, Roberto Focaccia, afirmou que o Brasil está correndo um grande risco por ter flexibilizado as medidas de isolamento antes de diminuir a transmissão do novo coronavírus (covid-19). Em entrevista ao Jornal O Globo, nesta sexta-feira (12), ele destacou que, quanto mais pessoas são infectadas, mais o vírus tem tendência de se adaptar a um novo hospedeiro.

De acordo com a publicação, o epidemiologista explicou que a covid-19 pode permanecer no país por muito mais tempo, o que isolaria o Brasil dos outros países do mundo. Por causa dos erros já cometidos, Focaccia frisa que a única saída é a vacina.

“O homem ainda não é hospedeiro do coronavírus. É um hospedeiro eventual. Os coronavírus se dão bem com os animais, mamíferos, onde conseguem infectar e se reproduzir. Quando acomete o homem, o vírus sofre mutações para contornar a resposta imunológica do corpo humano. Ou eles se adaptam e tornam o homem um hospedeiro definitivo ou não consegue e termina a epidemia. Quanto mais casos, como no Brasil, maior risco de perpetuação do coronavírus. Não tenho dúvida de que esse vírus veio para ficar”, ressaltou o professor.

Ao ser questionado se o Brasil pode se tornar um risco para o mundo, o epidemiologista relembrou que a Europa e os Estados Unidos já fecharam as fronteiras para o país. E ressaltou que o Brasil possa ficar isolado quanto mais tempo perdurar o surto da pandemia.

“Quanto mais tempo, mais isolado do resto do mundo e pior para a economia. Esse tempo pode ser longo. Um estudo feito por uma universidade do Rio Grande do Sul mostrou que apenas 2% da população está com anticorpos. Vai demorar para chegar a 70%. Isso é tão óbvio, mas a briga e as decisões políticas não cessam. Estamos no pior momento para flexibilizar a quarentena. Daqui duas ou três semanas, vamos sentir o caos. Estamos brincando com a epidemia. É uma sucessão de erros inacreditáveis,” disse.



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