Economia


Brasil tem pior situação para adiar pagamentos de dívidas, dizem bancos


Publicado 03 de fevereiro de 2021 às 11:00     Por Fernanda Sales     Foto Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

O Brasil começou 2021 com a maior necessidade de refinanciamento de sua dívida pública entre todos os países emergentes. De acordo com a Folha de São Paulo, com prazo encurtado em 2020, a dívida a ser rolada neste ano, por meio da emissão de novos papéis, corresponde a 18,5% do PIB, o maior nível da série histórica do Tesouro, iniciada em 2005.

O valor equivale a cerca de R$ 1,4 trilhão, que precisará ser levantado com a venda de papéis no mercado.

Segundo novo relatório do Institute of International Finance (IFF), que reúne 450 bancos e instituições financeiras em 40 países, a situação brasileira, na comparação com os demais países emergentes, é desafiadora. “No geral, vemos o maior risco de refinanciamento no Brasil”, diz o relatório do IIF, para quem o país “merece atenção”.

Ainda segundo a reportagem, o órgão destaca ser uma “combinação arriscada” o cenário difícil que o Brasil enfrenta para cortar gastos (elimitar o aumento do endividamento) e o volume recorde de vencimentos da dívida neste ano.

O IFF afirma ainda que considera difícil o Brasil não ver-se obrigado, em razão do recrudescimento da pandemia, a voltar a se endividar mais afim de retomar algum tipo de auxílio emergencial aos mais pobres.

“O cumprimento da regra fiscal [o teto de gastos, que limita o aumento da despesa à inflação dos 12 meses anteriores] exige a reversão dos gastos emergenciais, algo que não temos certeza de que seja viável”, afirma o IIF.

Como fim do auxílio emergencial em dezembro, 2021 começou com um salto na taxa de pobreza extrema no Brasil, com 12,8% da população vivendo com menos de R$ 246 ao mês (R$ 8,20 ao dia). Uma das alternativas em estudo no Ministério da Economia seria condicionar a volta do auxílio emergencial (ou um Bolsa Família turbinado) à aprovação, no Congresso, de alguma medida de impacto fiscal relevante.

Desde o início do governo Bolsonaro, em razão dos gastos maiores, sobretudo na pandemia, o prazo médio dos títulos emitidos pelo Tesouro caiu significativamente, de 4,8 anos para 3,4 anos.



Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Leia os termos de uso