Economia
“Mais de 60% da exportação de Sergipe é de suco de laranja”, revela cientista
A reportagem do portal AjuNews acompanhou a exposição realizada nessa terça-feira (10), para deputados estaduais na Assembleia Legislativa, por representantes da Fundação Dom Cabral (contratada pela Alese para elaboração do Plano de Desenvolvimento Estadual Sustentável 2020. O cientista de dados, Bruno Paixão, dentre outros pontos, revelou que mais de 60% da exportação do Estado de Sergipe é de suco de laranja.
A iniciativa do Plano partiu do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Luciano Bispo (MDB), que em conjunto com os demais parlamentares quer dar uma contribuição técnica com informações sobre o Estado de Sergipe que serão apresentadas, em caráter propositivo, ao Poder Executivo no final do semestre.
Bruno Paixão explicou que mercados internacionais, como Holanda e Bélgica, por exemplo, são os maiores exportadores do suco de laranja de Sergipe que, por sua vez, importa muito fertilizante. “O bem exportado tem que ter valor agregado. Estamos falando de um Estado com muitas potencialidades, mas 60% de suas exportações estão concentradas em suco de laranja”, disse, defendendo que é preciso diversificar a exportação de produtos de qualidade que gerem mais riquezas para o dentro do Estado.
Fertilizantes
Questionado pela reportagem se não é um “contrassenso” Sergipe importar tanto e permitir o fechamento de uma fábrica de Fertilizantes da Petrobras (Fafen), o cientista de dados explicou que “o Brasil inteiro importa muito fertilizante. Tem que avaliar a capacidade produtiva. O empresário vai colocar na ponta do lápis e verificar se é mais barato importar o fertilizante da China ou de outro País, se o preço da fábrica não for competitivo. Temos que agregar tecnologia, pesquisa e desenvolvimento para que a produção daqui seja competitiva com outros Países”.
Turismo
Também representante da Fundação Dom Cabral, o professor Humberto Falcão Martins explicou para os deputados que os pesquisadores entrevistaram cerca de 50 atores estratégicos e diversos plenamente selecionados, com um olhar no passado, para entender o presente e projetar o futuro. “Turismo é o grande campeão das necessidades, mas que ele seja vocacionado, sem competir com ninguém. É preciso descobrir uma identidade e o setor do gás soa como passaporte para o futuro”.
Por sua vez, Bruno Paixão também reconheceu a deficiência do Estado no setor de Turismo. “Tem potencial (Turismo), mas não é explorado aqui em Sergipe. Acredito que será explorado ao término das escutas, quando vamos fazer o planejamento necessário e irem apresentar um documento propositivo. Uma ação extremamente importante da Alese para que o Estado tenha um norte, uma agenda”, disse, explicando que a previsão para o relatório final ficar pronto é no próximo mês de Junho.
Saldo deficitário
Humberto Falcão ainda explicou que, no mercado nacional, Sergipe é um Estado que historicamente tem saldo deficitário na balança comercial. Segundo dados de 2018, os sergipanos mantêm trocas comerciais muito intensas, mas preponderantemente com unidades da Federação circunvizinhas, até pela integração logística. “Na medida em que o setor de serviços avança, e que alguns dos serviços se virtualizam, essas barreiras deixam de existir”.
“Falando de Brasil, Sergipe exporta predominantemente e com saldo positivo para Pará, Maranhão, Piauí e Tocantins. Já importamos mais de São Paulo, Bahia e Pernambuco. Nós entendemos que precisa de um olhar mais abrangente para o mercado nacional, ampliar isso porque o nosso País é muito grande”, acrescentou o professor.
Tem potencial
Falcão ainda defendeu que a necessidade de investimentos não deve recair apenas sobre o setor público, mas também dos atores privados. Ele reconhece que a gestão do gás por muito tempo vai representar uma diversificação importante na cadeia energética, mas que é preciso dinamizar outras cadeias intensivas. “Sergipe tem potencial para atrair empresas que venham contribuir para o desenvolvimento regional”
Agronegócio
Por fim, ele colocou que na visão dos entrevistados também se falou da valorização da produção regional, principalmente a partir dos pequenos empresários, e da necessidade de investimentos em pesquisa de desenvolvimento a partir de tecnologias. “Conversa com o agronegócio (milho, couro, laranja, dentre outros), mas pode conversar com outros segmentos dinâmicos que vão a reboque da cadeia do gás”.
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