Economia


Sem Festa do Mastro, sete mil empregos são perdidos e receita de Capela é comprometida


Publicado 24 de junho de 2020 às 10:00     Por Peu Moraes     Foto Josué Christopher / Prefeitura de Capela

Há 81 anos, Sergipe celebra a Festa da Mastro, em Capela, no Leste do estado, que começa na noite de 31 de maio, com a Sarandaia,  abertura dos festejos juninos no município. Logo no início de junho, tem a escolha da Rainha do São Pedro, que conta com a participação de alunos das escolas da rede municipal de ensino. Depois, no feriado de Corpus Christi, é feita a Marcação do Mastro, uma tradição. Por último, a Festa de São Pedro durante três dias – sexta, sábado e domingo.

Desde 2017, com a participação mais do que especial do cantor baiano Bell Marques, a festa tomou proporção nacional. Atualmente, a Festa do Mastro de Capela é conhecida como o melhor São Pedro do Brasil. Este ano, a gestão municipal havia orçado R$ 1 milhão para a Festa do Mastro de Capela.

Ao AjuNews, a prefeita Silvany Mamlak (PSC), afirmou que o cancelamento dos festejos por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19) afetou milhares de empregos diretos e indiretos deixaram de ser gerados no município.

“Com o cancelamento do São Pedro de Capela, por causa do coronavírus, muita gente no município será prejudicada. Afinal, nessa época, são gerados mais de sete mil empregos diretos e indiretos em Capela. É um número considerável. Por isso, lamentamos tanto que as pessoas não possam trabalhar nesse período diante das restrições impostas pela quarentena nesta pandemia. Sobre quanto é gerado em renda também não é possível contabilizar, pois não há estudos econômicos que mostrem isso”, disse.

A Festa do Mastro é o maior símbolo da cultura e da tradição capelenses. Como é celebrada no transcorrer do mês de junho com vários outros folguedos, mobiliza toda a população não apenas na questão cultural, mas, também, fomenta e desenvolve enormemente a economia local.

“Sem o festejo há um grande prejuízo sociocultural e econômico para o município. É bom frisar que o cancelamento foi uma decisão responsável da administração municipal. Diante da atual questão da saúde e da questão financeira, percebemos que já iríamos ter dificuldades em 2020. Por isso, de forma antecipada, tomamos essa decisão. E, diante dela, os impactos são imensuráveis. Não somente pela questão cultural, da tradição junina que deixa de ser celebrada com vigor e alegria, como sempre fizemos em outros anos”, ressaltou.

Para a gestora, o São Pedro representa uma espécie de 13º salário porque existe um grande consumo de produtos local por parte dos turistas, além de afetar o setor imobiliário no alugueis de casas, reservas em hotéis, pausadas e afins. “É, sem exagero, um trauma sem tamanho para a sociedade capelense, que se identifica com a festa e também porque há a queda do maior potencial da economia capelense. Para se ter ideia, essa festa representa, hoje, aproximadamente 60% da população que empreende nesse período. O São Pedro da Capela é como se fosse o 13º salário dos nossos comerciantes. Então, o impacto na economia local é muito grande em todos os segmentos. Na verdade, o prejuízo é incalculável. Não é possível fazer um cálculo exato nesse sentido”, explicou.

O cancelamento da festa também frustou a receita da cidade na arrecadação de impostos. Segundo o balanço da prefeitura, a expectativa para 2020 era seis vezes maior quando comparado a 2019. No ano passado, o crescimento da economia ocorreu de forma que superou todas as nossas expectativas. Estima-se que, hoje, o somatório dos ganhos com as atividades econômicas seria seis vezes maior do que os custos com as festividades do São Pedro”

“Isso levando-se em conta que há um consumo de 100% em todo o comercio local, envolvendo lojas de vestuário, calçados, supermercados, restaurantes, aluguéis de imóveis, que podem chegar a R$ 15 mil, entre outros segmentos. Assim, no São Pedro, cada família quer fazer seu próprio empreendimento, quer fazer algum comércio, para que possa gerar alguma renda”, finalizou.



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