Educação


Em votação marcada por protestos, vice-reitor lidera lista tríplice para ocupar reitoria da UFS


Publicado 15 de julho de 2020 às 11:34     Por Adelia Felix     Foto Leitor AjuNews

Em uma votação marcada por protestos, o nome do vice-reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Valter Joviniano de Santana Filho, e o professor Rosalvo Ferreira dos Santos foram indicados em primeiro lugar para compor as listas tríplices de reitor e vice-reitor, respectivamente, nesta quarta-feira (15). Os dois tiveram exatamente 37 votos. A leitura da ata foi marcada por panelaços, funk e vaias. A escolha dos futuros gestores da instituição será feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Para o cargo de reitor, André Maurício Conceição de Souza teve 30 votos; Vera Núbia Santos, 9 votos; Denise Leal Albano, 5 votos; e Valter Cesar Pinheiro, um voto. Para o cargo de vice-reitor, Rozana Rivas de Araújo somou 28 votos; Silvana Aparecida Bretas, 9 votos; José Aderval Aragão, 5 votos; Valter Joviniano, 2 votos; e Vera Núbia um voto.

O reitor Angelo Roberto Antoniolli foi alvo de protestos e chamado de “golpista” por ignorar a Consulta à Comunidade, por meio do qual ele foi eleito duas vezes. Após abrir a sessão e iniciar a votação, o reitor não apareceu mais na tela. A eleição aconteceu através dos sistemas integrados da UFS e os 82 conselheiros se reuniram e votaram por videoconferência na plataforma Google Meet. A reunião foi aberta e transmitida no canal da TV UFS no Youtube.

Para essa eleição, quatro chapas encabeçadas pelos professores David Soares, Denise Leal, Vera Núbia e André Maurício se inscreveram e participaram de diversos debates promovidos pela Comissão Eleitoral em todos os campi. Os postulantes também apresentaram suas propostas em lives promovidas pelo AjuNews.

Antes da eleição, à reportagem, a professora Denise denunciou que Antoniolli autorizou que todos os professores doutores pudessem ser votados e eleitos pelos Conselhos Superiores e assim conseguir a eleição do atual vice-reitor, mantendo a mesma gestão no poder. “Ele tem cerca de 40 ou mais votos certos porque é gente que ele tem na mão, então, ele vai orientar para essas pessoas votarem no vice-reitor, então, é essa a armada, a manobra fraudulenta”, disse Denise.

A professora ainda chamou a atenção para a utilização de “laranjas” na lista tríplice que será enviada ao Ministério da Educação (MEC). “Como ele orienta os conselheiros, é evidente que ele vai conseguir colocar na lista tríplice o seu candidato e é provável que os outros dois candidatos sejam laranjas”, acrescentou.

Por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19) e suspensão das atividades acadêmicas, a direção da UFS decidiu que a votação virtual seria através do Colégio Eleitoral Especial, sem consulta pública. Com essa alteração, a única participação dos alunos foi através de representantes.

O Colégio Eleitoral é composto por representantes dos alunos, professores e técnicos administrativos, membros dos Conselhos Superiores, e pelo Conselho Diretor da Instituição. As normas regulamentam que o processo de escolha do reitor deve considerar a seguinte proporção/peso: professores (70%), técnicos administrativos (15%) e estudantes (15%).

O representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Daniel Silva, afirmou durante a sessão que “Angelo vai ficar marcado na história como um golpista que passou por cima dos 30 mil estudantes da UFS”. Nesta manhã, alunos fizeram uma manifestação no hall da reitoria, próximo ao gabinete do reitor, em São Cristóvão, na Grande Aracaju.

Ao AjuNews, o estudante explicou que o ato representa o luto pela morte democracia universitária por meio de um “golpe” de Angelo e seu vice, Valter. “Estamos vindo de meses de pressão política contra essa manobra autoritária, estudantes, técnicos e professores, com amplo apoio das entidades. Esse dia ficará marcado e Angelo não será perdoado pela história”, disse ao site.

 



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