O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes, que é relator de Educação, Ciência e Tecnologia na Casa, afirmou que o ensino público e a educação brasileira não podem sofrer interferências por “questão ideológica”. Em entrevista ao portal Metrópoles na última quarta-feira (2), ele fez referência ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e recentes decisões envolvendo a educação.

“A questão ideológica não pode interferir nesse ponto [ensino público]. Estamos falando de infraestrutura para o estudante ter acesso à educação. A minha posição como ministro do TCU é tratar a eficiência e a eficácia [do governo] independentemente da questão ideológica”, afirmou.

Segundo Augusto Nardes, deve haver uma implementação maior de tecnologias no ensino. Mas para isso, é necessário que o Ministério da Educação (MEC) e outros gestores possam tomar a frente: “[O principal desafio é] a liderança assumir o papel, e aí vai ter que ter a capacidade de se articular com estados e municípios, que são os que fazem a política nacional. A nossa posição é 62º no nível de educação, apesar de estarmos entre as oito maiores economias do planeta”.

Nardes coordena o 4º Fórmum Nacional de Controle, realizado pelo TCU até esta sexta-feira (4) e que discute a inovação na educação brasileira, com referências nacionais no assunto. O ministro afirmou que será lançada uma cartilha aos municípios. “Fiz várias palestras com governadores. Alguns entenderam, e implementaram essas ideias. Para Bolsonaro, fiz uma palestra para ele no início [do governo]. Ele entendeu e está implantando aos poucos”, pontuou.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que 96,6% dos estudantes que não possuem acesso à internet estão na rede pública do ensino. As dificuldades com a tecnologia ficaram ainda mais expostas na pandemia, em que vários estudantes precisaram do ensino remoto para acompanharem as aulas.