Política


“Eleição muito rápida e sem debates”, avalia cientista político sobre pleito eleitoral em Aracaju


Publicado 15 de novembro de 2020 às 10:41     Por Larissa Barros     Foto Arquivo Pessoal

As eleições municipais deste ano contaram com muitas restrições e medidas sanitárias por causa da pandemia de covid-19. Em entrevista ao AjuNews, o cientista político e professor de sociologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Rodorval Ramalho afirmou que a falta de debates durante o pleito eleitoral trouxe uma discussão muito superficial dos principais problemas da capital sergipana.

“Entre os fatos marcantes, identifico a pequena duração da campanha e a precariedade do contato direto com os eleitores, com os candidatos majoritários e proporcionais. Outra novidade lamentável foi a inexistência de debates entre os candidatos. Os meios de comunicação local, por razões obscuras, não promoveram esses eventos, que são momentos de forte esclarecimento para o eleitorado”, afirmou.

De acordo com o cientista, não havendo debates, “quem se beneficia é o candidato da situação [Edvaldo Nogueira]”, pois os partidos opositores tendem a voltar para o candidato oficial as suas maiores e melhores críticas.

“No caso de Aracaju, muito haveria a discutir sobre a proibição extremada e errática do fechamento de inúmeros estabelecimentos empresariais, durante a pandemia, sobretudo dos menores e médios, o que causou um verdadeiro extermínio de empregos e empresas. Esse teria sido um dos temas mais importantes e que não teremos oportunidade de ouvir os postulantes ao cargo de prefeito, sobretudo o candidato à reeleição”, explicou.

Para Rodorval Ramalho, a capital sergipana tem problemas graves de infra-estrutura e muito a ser discutido durante esse período, como por exemplo os alagamentos e “outros problemas que afligem a população mais carente”. “A educação municipal, como mostrado pelo IDEB, vai muito mal. A transparência no uso do dinheiro público é quase nula. Enfim, é uma cidade com problemas graves e com muito a ser discutido”, disse o professor.

Segundo o professor, a pandemia de covid-19 impactou, sobretudo, o contato entre o eleitorado e os candidatos. No entanto, em alguns casos, houve a emergência dos indícios de malversação das verbas federais para o combate ao vírus.

“A imprensa tem acompanhado a presença da Polícia Federal em algumas localidades, iniciando investigações que serão importantes, mesmo passadas as eleições. Por fim, a campanha para a Câmara Municipal, como sempre, muito pulverizada e despolitizada, apesar de algumas exceções observadas pelas redes sociais, que mostrou uma nova safra de políticos, que apostaram em diálogos mais republicanos, tentando superar aquela imagem do vereador que distribui brindes e favores eleitorais. Mas, ainda é cedo para apostar numa mudança do perfil da próxima legislatura”, destacou.

Questionado sobre a quantidade de ações na Justiça Eleitoral em comparação com outros anos, o cientista político afirmou que não acompanhou em detalhes as ações judiciais, mas que o “poder econômico e das máquinas das prefeituras ainda são muito fortes nos nossos processos eleitorais”. Ele ainda destacou que seria importante lembrar que “as grandes estruturas partidárias e do Poder Executivo tendem a se exceder quando se trata de interferir no voto popular”.

As eleições municipais estão marcadas para os dias 15 de novembro no primeiro turno, e 29 de novembro no segundo turno. Em Aracaju, 11 candidatos disputam ao cargo de prefeito.



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