O uso das redes sociais com robotização para gerar engajamento com fins políticos e eleitorais se tornou mais rotineiro na internet, e possui um mercado que viabiliza a venda de envolvimento para falsificar a percepção dos candidatos aos pleitos. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo, neste domingo (18).

Para o presidente da Comissão de Estudo de Publicidade e Serviços Jurídicos da OAB, o advogado Antonio Carlos Fernandes, a robotização de publicações podem ajudar a criar imagens positivas falsas de políticos e personalidades.

“Em vez de um debate político polido, na preocupação de difamar e atacar a honra de outros, deixando uma democracia cada vez mais vazia e prejudicada”, afirmou.

Segundo o veículo, no balanço feito, cerca de 20 mil pessoas no Twitter custam R$ 3,9 mil, enquanto R$ 4,7 mil financiam uma base de 89 mil usuários no Instagram. O pagamento pode ser feito por cartão de crédito, boleto bancário e até com PagSeguro e PayPal.

O Twitter alegou que a robotização de contas viola as políticas da empresa e que tem sido “proativo em detectar suspeitos”. A rede social disse que a retirada das contas do ar que engajaram as publicações mostra que as “políticas e medidas corretivas estão sendo implementadas”.

A ferramenta Bot Sentinel, que monitora o uso de robôs na rede social, listou, mais de 20 hashtags com indícios de que foram turbinadas de maneira automatizada. Cerca de 25% das hashtags são relacionadas à política nacional.

O pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD), João Guilherme Bastos, afirmou que o engajamento artificial pode dar aos compradores, ainda que viole os termos de uso das próprias plataformas.

“Nas redes sociais, todo mundo pode falar, mas nem todos são ouvidos. Pode ter vantagem quem se apropria desses algoritmos para ter visibilidade”, disse Santos.