Entrevista
Fábio Mitidieri sobre possível candidatura ao governo em 2022: ‘Sou jovem, mas me sinto preparado’
Eleito o deputado federal com mais votos em Sergipe em 2018, Fábio Mitidieri (PSD) já tem o nome muito ligado a 2022. Ele é um dos principais candidatos à sucessão do governador Belivaldo Chagas (PSD), que está em seu segundo mandato. Em entrevista ao AjuNews, o parlamentar disse que a discussão deve ser feita com calma, mas mostrou-se à disposição e afirmou: “sou jovem e estou preparado”.
“Isso deve ser discutido com calma e sob a coordenação do governador Belivaldo Chagas. Temos boas opções e fico feliz de estar entre elas. Sou jovem, mas me sinto preparado. […] Mas sei e entendo que faltam quase dois anos ainda, e temos que ajudar o governo nesse momento difícil que vivemos com a pandemia”, declarou.
Na entrevista, o deputado também falou sobre a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados em 2021, bastante polarizada entre indicações do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM), e o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido). Mitidieri lamentou a disputa de poder no Congresso, afirmando que ela está “custando caro aos brasileiros nesse momento”.
Falando em momento, Mitidieri comentou também sobre a gestão da pandemia da covid-19 no Brasil. O presidente do PSD em Sergipe defendeu o trabalho do Congresso Nacional, que aprovou medidas como o auxílio emergencial, mas criticou o presidente Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Sobre Bolsonaro, o sergipano declarou que ele “teve uma postura equivocada, desrespeitosa com as vítimas e com os brasileiros que estão sofrendo com a pandemia”. Já em relação a Guedes, completou: “Ouvir o ministro dizer que salvar as grandes empresas daria lucro e que salvar as pequenas e médias daria prejuízo, foi um duro golpe nos verdadeiros geradores de emprego e renda desse país”.
Leia a entrevista completa abaixo:
AjuNews: O PSD foi o partido que elegeu mais prefeitos nas eleições de 2020. Por que o senhor acha que a legenda obteve tanto sucesso no pleito? Há alguma relação com o fato de o governador [Belivaldo Chagas] ser do PSD?
Fábio Mitidieri: O PSD é um partido que pensa política os quatros anos, e não apenas nos quarentena e cinco dias de campanha. Nós buscamos reforçar nossos quadros com pessoas que entendemos que podem contribuir com a sociedade. Não apenas políticos, mas profissionais de diversos segmentos. O resultado nós estamos colhendo não apenas este ano, mas também nas últimas eleições, onde nos tornamos o maior partido de Sergipe. Ter o governador eleito no PSD demonstra esse bom trabalho. Belivaldo se tornou um dos grandes líderes do partido.
AjuNews: Passadas as eleições municipais, o seu nome é cotado como possível escolha do agrupamento de Belivaldo Chagas para o governo do estado em 2022? Há interesse da sua parte, caso aconteça? Isso tem sido dialogado?
Fábio Mitidieri: Sempre disse que 2022 passava por 2020. Era preciso ajudar nosso agrupamento, estender a mão a quem nos ajudou em 2018. Passada esta etapa, o PSD deve buscar um nome para apresentar à sociedade e estou à disposição do grupo. Isso deve ser discutido com calma e sob a coordenação do governador Belivaldo Chagas. Temos boas opções e fico feliz de estar entre elas. Sou jovem, mas me sinto preparado. João Alves e Valadares foram governadores mais jovens do que eu. Sou formado em administração, sou empresário, tenho bom relacionamento com os diversos setores da sociedade e estou na política por opção. Gosto e acredito no que faço. A política é o maior e mais eficiente meio de transformação social. Mas sei e entendo que faltam quase dois anos ainda, e temos que ajudar o governo nesse momento difícil que vivemos com a pandemia. Tudo no seu tempo.
AjuNews: A Câmara dos Deputados, Casa que o senhor faz parte, irá eleger novo presidente no começo de 2021 em meio a uma forte briga política. Como o senhor avalia a polarização que existe entre os grupos de Rodrigo Maia (DEM) e Jair Bolsonaro (sem partido) na disputa?
Fábio Mitidieri: O parlamento sempre teve a tentativa de influência do Executivo em suas eleições. Só lamento que isso esteja custando caro aos brasileiros nesse momento, pois não votamos o orçamento para o ano que vem. Nem sequer instalamos a comissão. Vamos entrar o ano administrando com o duodécimo. Um absurdo no momento que o país mais precisa de nós. Quem depõe contra a política são os próprios políticos.
AjuNews: Já em relação à Câmara Municipal, haverá uma mudança grande na legislatura em Aracaju em 2021, e existe um debate sobre a manutenção de Nitinho (PSD) como presidente da Casa. Como o senhor entende uma possível manutenção dele no cargo?
Fábio Mitidieri: Essa é uma decisão dos vereadores, mas sou um admirador do trabalho de Nitinho. Pessoa séria, dedicada, humilde e trabalhadora. Torço por ele.
AjuNews: Após dois anos de mandato, como tem sido o trabalho em conjunto da bancada sergipana na Câmara? Há um trabalho conjunto entre todos os parlamentares?
Fábio Mitidieri: Nossa bancada, na medida do possível, é bastante unida. Sempre digo que Sergipe é pequeno e precisa da nossa união para conseguirmos buscar os recursos e investimentos necessários. Se brigarmos, todos perdem.
AjuNews – O governo federal apresentou recentemente o plano de imunização nacional contra a covid-19. Na função de deputado federal, como o senhor tem avaliado a gestão do presidente Jair Bolsonaro contra a pandemia?
Fábio Mitidieri: Existe o presidente Bolsonaro e o governo Bolsonaro. O presidente, em minha opinião, teve uma postura equivocada, desrespeitosa com as vítimas e com os brasileiros que estão sofrendo com a pandemia. Já o seu governo tem tomado medidas importantes em parceira com o Congresso no combate à covid-19. Sergipe recebeu dezenas de respiradores que salvaram centenas de vidas. Os diversos auxílios aprovados pelo Congresso e implementados pelo governo federal foram fundamentais para mantermos a economia de pé. Milhões de brasileiros foram beneficiados pelo auxílio emergencial aprovado por nós. Estados e municípios foram salvos pelas medidas que tomamos em Brasília. A se lamentar apenas que as medidas de auxílio às pequenas e médias empresas do Brasil tenham tido tanta dificuldade de serem colocadas em prática. Nós aprovamos as medidas, mas as empresas não conseguem o acesso aos bancos e ao crédito. Tem sido uma luta.
Ouvir o ministro [da Economia, Paulo] Guedes dizer que salvar as grandes empresas daria lucro e que salvar as pequenas e médias daria prejuízo, foi um duro golpe nos verdadeiros geradores de emprego e renda desse país. Mas apesar das dificuldades, estou confiante que 2021 será um ano diferente. A vacina já é uma realidade e com fé em Deus, tudo isso irá passar. Precisamos urgentemente começar a vacinar nosso povo e de forma gratuita e universal, iniciando pelos que mais precisam como idosos e os doentes. A segunda onda é uma realidade e tem atingido pessoas mais jovens. Somente a vacina poderá mudar esse quadro. O governo federal precisa ser mais diligente nesse processo de aquisição e distribuição. Não temos tempo a perder.
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