Entrevista
‘Maioria dos clubes está usando pandemia para fazer acordos surreais com os jogadores’, avalia goleiro do Confiança
Com a retomada dos treinos das atividades desportivas em Sergipe, liberadas na segunda-feira (29), cresce a expectativa para a volta das partidas pelo Campeonato Sergipano, previsto para recomeçar no dia 25 de julho. O goleiro da Associação Desportiva Confiança, Rafael Santos, 31 anos, concedeu entrevista ao AjuNews e falou sobre a volta aos gramados após mais de 100 dias de paralisação.
Com 15 jogos pelo Azulino, o atleta foi titular em todas as partidas e sofreu apenas nove gols na temporada. Antes de fechar acordo com o Confiança, em dezembro do ano passado, Rafael atuou pelo Vila Nova de Goiás e teve passagem pelo Bahia.
O Dragão do bairro Industrial tem um ano com competições importantes pela frente. Além do Sergipão, no qual é líder no Quadrangular Final, o Confiança tem a disputa a Copa do Nordeste, na qual segue na liderança do grupo B, e da tão aguardada série B do Campeonato Brasileiro, que tem projeção de início em agosto.
Leia a íntegra da entrevista:
AjuNews: Como foi esse período de quarentena em São Paulo? Como era a rotina de treinos à distância?
Rafael Santos: Sem dúvida que passar esse momento de quarentena foi complicado, mas como voltei para São Paulo para ficar com a família, as coisas parecem ser mais suaves. A gente teve uma rotina de treinamento diária por internet. Foi diferente, mas a gente teve que se adaptar e graças a Deus conseguimos manter o mínimo da forma física.
AjuNews: Você passou pela testagem para a detecção de covid-19? Foi contaminado ou teve medo de ser? Quais os cuidados foram adotados durante esse período?
Rafael Santos: Fiz os testes no retorno para poder voltar às atividades. Sem dúvida nenhuma a gente fica apreensivo porque eu tenho duas pessoas da minha família que são do grupo de risco. Minha esposa está grávida, minha filha tem asma, então a gente fica muito preocupado, mas tomamos todas as precauções para que não tivéssemos o contato com o vírus. Sempre lavando as mãos, utilizando o álcool em gel e evitando sair de casa o máximo possível. Esses foram os cuidados que eu tomei para não ser contaminado.
AjuNews: Você acha que estamos prontos para a volta ao futebol em Sergipe?
Rafael Santos: Sem dúvida nenhuma esse é um ponto muito delicado. Nós sabemos que existem muitas pessoas internadas, muitas pessoas infectadas por esse vírus, mas eu creio que o futebol seja mais um meio de entretenimento na televisão para deixar as pessoas em casa. Acredito que com todas as precauções o futebol em Sergipe volte com todos os cuidados para que ninguém corra nenhum risco e a gente possa ajudar as pessoas a ficar em casa com esse canal de entretenimento.
AjuNews: Você chegou ao confiança em Dezembro, e sua última partida foi em março, como você está lidando com o retorno aos treinos e a expectativa com o retorno do Sergipão?
Rafael Santos: Graças a Deus eu tive o convite de vir para cá em dezembro onde conseguimos em pouco tempo alguns objetivos para o clube. Estou muito feliz por isso, acho que nós estávamos em uma crescente e isso é muito bacana. A gente tá voltando com toda a força aos treinos para que possamos estar aptos a jogar o mais rápido possível. Sabemos que não é o tempo que a gente queria para voltar a treinar e para voltar às competições, mas é o que a gente tem, então vamos fazer o melhor. Se Deus quiser a gente possa voltar ao Sergipão com toda força e podendo conseguir as vitórias que a gente precisar para conseguir o título e isso que importa.
AjuNews: Qual o maior desafio: o ritmo de jogo ou se adaptar as recomendações de saúde?
Rafael Santos: O maior desafio que teremos é o ritmo de jogo. Sabemos que as adaptações às recomendações de saúde serão desafiantes, mas voltar ao ritmo de jogo é maior ainda. Pode nos atrapalhar um pouco, mas tenho certeza que com os treinamentos a gente vai chegar o mais próximo possível do que é recomendável dentro do jogo. Se Deus quiser a gente vai conseguir fazer essa volta com a mesma pegada que estávamos antes.
AjuNews: O primeiro jogo no retorno do campeonato será em um clássico contra o Sergipe, assim como na primeira fase. Será um sentimento diferente do que o primeiro, depois desse longo período de parada?
Rafael Santos: Sem dúvida. A gente sabe da importância que é o clássico aqui e que cada jogo é único ainda mais agora depois dessa parada o sentimento é outro. Até porque a gente vai estar em uma fase, no Quadrangular final, em busca de um título, então a importância é muito maior. Sabemos que não vamos poder contar com nossos torcedores no estádio, mas tenho certeza que de onde eles estiverem, principalmente dentro de casa, vão estar passando energia positiva para gente. Esperamos nessa volta fazer um bom jogo, primeiramente, e depois pensar no resultado. O importante é conseguirmos colocar em prática tudo temos treinado dentro dessa partida.
AjuNews: Um das determinações para retorno do Sergipano é de que o jogos sejam realizados apenas no Batistão. Você acha que isso influencia no desempenho, além do fato de já não ter público nas arquibancadas?
Rafael Santos: Acho que vai ser um bem para todos porque como não vai ter torcida, além de ter o melhor gramado do estado. Acho que as condições de jogo serão iguais para todos os times, então acho que não vai influenciar em desempenho de um ou de outro clube por conta disso. Mas sim no sentido de quem estiver melhor fisicamente, com melhor preparação.
AjuNews: Na última semana, a Câmara dos Deputados aprovou a paralisação durante a pandemia das parcelas devidas pelos times ao Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut ) e também uma maior flexibilização nos acordos com os atletas. Como você avalia essa medida?
Rafael Santos: Acho que tem que ser discutidos com todas as partes. Porque todos nós estamos sofrendo nessa pandemia. A maioria dos clubes tiveram contratos com patrocinadores suspensos, então a discussão tem que ser ampliada. Aqui no Confiança a gente não teve esse problema. Aceitamos a redução de 25% dos salários e o clube tem cumprido rigorosamente com isso, só que têm clubes que não. A gente sabe que a grande maioria dos clubes está usando essa pandemia para fazer acordos surreais com os atletas, clubes com dívidas enormes, clubes que estão usando a crise para não pagar acordos acertados anteriormente. Então é uma questão que tem que ser discutida com todos. Não pode ser uma via de mão única para os times, não pode ser um via apenas para os jogadores. Tem que ser conversado e utilizar do bom senso. Acho que isso é uma coisa que está faltando um pouco. Estão querendo mudar leis ou implementar leis que favorecem só um lado. Esse é o meu pensamento.
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