Entrevista


‘Parece coisa de menino mimado’, avalia Danielle Garcia sobre ataques de Rodrigo Valadares


Publicado 29 de maio de 2020 às 11:00     Por Adelia Felix     Foto Arquivo / SSP-SE

Pré-candidata à prefeitura de Aracaju pelo Cidadania, a delegada Danielle Garcia rebateu, em entrevista ao AjuNews, os ataques feitos pelo deputado estadual Rodrigo Valadares (PTB) desde que o parlamentar foi alvo de um ação da Polícia Federal (PF) por suspeita de divulgação de fake news contra o senador Alessandro Vieira (Cidadania).

“Eu até entendo a birra dele, parece coisa de menino mimado, a birra de querer fazer briga com todo mundo, tem aquela certeza que criança tem que se fizer errado vai ter que ser punido, entende? Seja Rodrigo Valadares, seja Danielle Garcia, seja Alessandro Vieira, seja Bolsonaro, seja Edvaldo Nogueira, quem for, quem errar vai ter que pagar pelo erro. A gente pensa em andar o mais certo possível”, disse a delegada.

Na ocasião, Danielle defendeu uma mudança do formato das eleições. Além disso, ela afirmou que existe a possibilidade do grupo sair com uma ‘chapa puro sangue’. “A gente tem conversado com todos os partidos. Não tem nenhuma definição assim, batido o martelo de que seria uma chapa puro sangue. Embora essa também seja uma opção porque a depender da conjuntura a gente não vai retroceder”.

E, acrescentou que o afastamento momentâneo não abala seu grupo político. “Eu acho que não, acho que o nosso grupo está bem consolidado. Óbvio que o ideal era que a oposição toda estivesse junta nessa luta, mas vai entender as vaidades pessoais, isso é uma coisa que foge do nosso controle”.

Também em entrevista, a autoridade policial avaliou a decisão da Justiça que absolveu os réus envolvidos no episódio que ficou conhecido como “máfia dos show”. Ela ressaltou a mudança da “linha de pensamento” do Ministério Público de Sergipe (MP-SE), que no final do caso divergiu da polícia e pediu absolvição dos envolvidos.

“São os mesmos promotores, não houve mudança de promotor no curso do processo, não, para dizer que é outra pessoa, visualizou a situação de outra forma, não, são os mesmos promotores que de alguma forma mudaram o entendimento. Eu jogo a bola para o Ministério Público, eles expliquem o que fizeram eles mudarem de opinião. Na minha opinião a prova era robusta, sim. Agora, se o Ministério Público mudou de ideia ou deixou de ver o que era crime não sei”, argumentou.

Na conversa, Danielle ainda criticou a gestão feita pelo prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), e pelo governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PDT) diante da pandemia da covid-19. Leia a entrevista completa:

AjuNews: Qual sua avaliação sobre a gestão do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, e também do governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, diante da pandemia do coronavírus?
Danielle Garcia: Na verdade, não é uma opinião pessoal minha, a gente fala muito com base nas denúncias e nas reclamações que as pessoas nos procuram para passar. Muitas reclamações vêm dos usuários do serviço de saúde e muitas outras vem dos profissionais de saúde. Segundo ambas as partes, o fluxo de atendimento não está sendo bem definido nem pelo Estado, nem pelo Município e eu vou lhe explicar porquê.

A situação dos EPIs [Equipamentos de Proteção Individual] por mais que as pessoas falem, façam manifestações e o Estado e a prefeitura digam que têm EPI, as reclamações continuam. Todo mundo reclama da falta de EPI, da qualidade dos EPI. Ou EPIs só vão em partes para os profissionais que estão diretamente no covid-19, mas o problema é o seguinte, a gente não sabe quem é que está ou não está, como a gente não tem testagem em massa, então a gente trabalha com a possibilidade que todo mundo está contaminado ou uma grande parcela da população pode estar contaminada. Então, chega a ser criminoso o fato de que profissionais da saúde, médicos, enfermeiros, técnicos, fisiotarapeutas, nutricionistas, dentistas atentadam as pessoas sem EPIs de qualidade, eles estão na linha de frente da covid-19, esse é um ponto.

Com relação ao fluxo de atendimento, domingo e segunda-feira nós tivemos dois episódios que são o retrato da desorganização do Estado e do Município. Você deve ter acompanhado dois pacientes no Centro da cidade de Aracaju que complicaram, são pacientes com covid-19 e que foram atendidos pelas equipes do Samu, por conta de não terem para onde serem levados. Ficaram na ambulância do Samu durante horas. Isso é uma situação super desgastante não só para os pacientes mas também para os profissionais. Imagine o pessoal da Samu com aqueles macacões quentes, com aqueles EPIs o dia inteiro dentro de uma ambulância contaminada, que é isso mesmo que acontece, e tendo que ventilar os pacientes, entubar os pacientes ali porque não tinha uma definição nem do Estado, nem da prefeitura para onde levar esses pacientes. Só depois de seis horas é que eles foram levados para o hospital de Estância. Então, veja, são pacientes de Aracaju que precisaram ser removidos para o hospital de Estância.

Eu tenho informações seguras que esses dois pacientes, pai e filha, continuam entubados, eles não estão na UTI, estão em um leito de estabilização. Então, veja, se não estão na UTI poderiam estar em Aracaju, por exemplo, no Hospital de Campanha. Qual o fluxo que eles organizaram para o atendimento? Para ir para o Hospital de Campanha, por exemplo, que é um hospital que não tem UTI, ou seja, para mim não existe nem razão de existir, mas enfim, é um hospital de estabilização, precisa antes passar por um dos hospitais de porta aberta do município que é o Nestor Piva ou o Fernando Franco. Só que as viaturas do Samu não conseguem chegar a estes hospitais porque eles dizem que quando estão lotados eles não fazem atendimento. Então, veja que absurdo! Para que então construir um Hospital de Campanha se ele não é porta aberta? Se os pacientes com síndromes gripais e respiratórias não podem ir direto, o ideal seria isso? O fluxo dos pacientes na minha opinião, não sou médica, mas falo isso com base em relatos de técnicos da área, está totalmente equivocado. E a gente tem, por exemplo, o HPM [Hospital da Polícia Militar] aqui que foi feito a inauguração de leitos, o governador fez uma matéria e tal e a gente não sabe qual a situação do HPM. A gente tem quantos leitos ocupados aqui no Huse [Hospital de Urgência de Sergipe]? A gente tem 14 leitos no HU [Hospital Universitário] que estão à disposição da prefeitura. Por que esses pacientes não foram para esses leitos?

A prefeitura e o Estado dizem para a gente que setenta e poucos por cento de taxa de ocupação e precisou remover os pacientes para Estância? A gente bate muito nessa questão porque para mim é óbvia mesmo eu não sendo da área de saúde. Está havendo um erro de fluxo, fora a questão da transparência. O que a gente do Cidadania temos feito? A gente tem representado junto ao Ministério Público, são várias representações de diversas situações, compra de máscaras pela SMTT, representamos, documentação do Hospital de Campanha, representamos.

Veja, o Hospital de Campanha com um detalhe foram gastos quase R$ 4 milhões para montar as tendas, foi contratado a questão de ar-condicionado e água, foram contratados médicos e profissionais da saúde, enfim, o custo total segundo a própria secretaria [Municipal da Saúde] já vai em quase R$ 8 milhões, mas tem algumas questões que a gente também não sabe, por exemplo, a prefeitura contratou um espaço ali no campo do Sergipe, que é uma associação privada sem fins lucrativos, foi contrato, é aluguel? Quanto custa? Como é que foi feito esse contrato? Existe certidões negativas que possibilitem esse contrato? A gente tem uma série de dúvidas, uma série de questionamentos por falta de transparência na gestão pública da saúde neste momento que é o momento crucial para todos nós. É uma situação difícil demais e a gente tem sido bem contundente nisso e isso vai além de uma pré-campanha, sabe?

AjuNews: Recentemente, o juízo da 3ª Vara Criminal da Comarca de Aracaju absolveu todos os seis réus do processo que ficou conhecido como “máfia dos shows”, originado a partir de uma investigação iniciada pela senhora quando estava do Departamento de Crimes contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap). Concorda com a decisão da Justiça?
Danielle Garcia: Essa é uma pergunta bem interessante porque assim, primeira coisa a ser pontuada: essa investigação ela não foi originária da Deotap, não foi uma investigação de ofício feita pela Deotap. Foi uma requisição do Ministério Público, dos promotores que inclusive pediram absolvição dos réus no final. Num primeiro momento, eles recolheram os documentos de vários municípios e encaminharam para a Deotap requisitando a instauração de inquérito policial por vislumbrar indícios de crimes, primeiro ponto. Então, essa coisa de dizer que a investigação é minha, nunca teve isso. Eu não tenho investigação minha, “ah eu tenho afeição por investigação A, B ou C”, não existe isso. Mas essa específica, essa investigação partiu do próprio Ministério Público, pronto. Aí, veio a Deotap e instaurou o inquérito e começamos a investigação, uma investigação que contou com quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico. Em 2017 eu saí da Deotap, o inquérito continuou na Deotap porque o inquérito não havia sido concluído porque eram muitos documentos para serem analisados, acho que o inquérito tem mais de 30 volumes, inclusive. Então, quem concluiu o inquérito foi a equipe que me substituiu, que corroborando com o entendimento que eu tinha também indiciou os réus.

Lembrando que o entendimento que a gente teve na Deotap, que eu tive durante a passagem por lá, e que a equipe que me substituiu teve era a mesma do Ministério Público quando requisitou o inquérito. Aí, a Deotap encaminha a instalação do inquérito e o Ministério Público faz o quê? Denuncia. Inclusive uma denúncia bem robusta, visualizando o cartel e outros crimes de saldos de licitações. O que acontece nos cursos do processo para frente aí já não é minha responsabilidade. Por que? Me parece que o Ministério Público mudou de opinião e aí eu acho que quem tem que se manifestar é o Ministério Público não sou eu. Volto a dizer, a investigação foi requisitada pelo Ministério Público, houve denúncia do Ministério Público, ou seja, o Ministério Público vinha com uma linha de pensamento e lá na frente ele mudou a linha de pensamento e lá na frente o próprio Ministério Público pediu a absolvição dos réus e não foi a absolvição dos réus porque o fato não existiu e sim por falta de provas o que é muito diferente. Porque por falta de provas a investigação pode ser reaberta a qualquer momento se a Justiça absolvesse porque o crime não existiu, beleza, então nunca mais essa investigação vai ser aberta, o que não é o caso. Lembrando que são os mesmos promotores, não houve mudança de promotor no curso do processo, não, para dizer que é outra pessoa, visualizou a situação de outra forma, não, são os mesmos promotores que de alguma forma mudaram o entendimento. Eu jogo a bola para o Ministério Público, eles expliquem o que fizeram eles mudarem de opinião. Na minha opinião a prova era robusta, sim. Nós tínhamos transferências bancárias de uma empresa para a outra mostrando que havia um cartel, uma dessas empresas contratada pela Petrobras em Carmópolis e isso tudo está demonstrado no processo. Agora, se o Ministério Público mudou de ideia ou deixou de ver o que era crime não sei. Aí, agora a bola vai para eles e que expliquem.

AjuNews: Diariamente, o deputado estadual Rodrigo Valadares (PTB) faz críticas a senhora e também ao presidente do Cidadania, o senador Alessandro Vieira. Como avalia as atitudes do parlamentar?
Danielle Garcia: Na verdade, o bloco do Cidadania já tinha rompido com ele há bem mais tempo. O G4 foi instituído logo que eles tomaram posse na Assembleia E logo depois foi desfeito. Então, assim a decisão de romper com Rodrigo não foi Rodrigo romper com a gente, foi a gente romper com Rodrigo naquele momento. A gente, digo os deputados eleitos do Cidadania. O problema do Rodrigo não é comigo, o problema dele é com Alessandro e talvez isso perpassa pela questão da atuação na Polícia Federal em razão das fake news divulgadas por ele, houve apreensão de celular, computador. Eu até entendo a birra dele, parece coisa de menino mimado, a birra de querer fazer briga com todo mundo, tem aquela certeza que criança tem que se fizer errado vai ter que ser punido, entende? Seja Rodrigo Valadares, seja Danielle Garcia, seja Alessandro Vieira, seja Bolsonaro, seja Edvaldo Nogueira, quem for, quem errar vai ter que pagar pelo erro. A gente pensa em andar o mais certo possível. Nós somos humanos, nossas atitudes são passíveis de erros, mas a gente tenta o máximo andar dentro da lei, fazer o certo. Veja que a gente não divulga fake news, para quê isso? Isso é crime inclusive. Então, aquela postagem que ele fez, houve uma enquete na internet e ele pegou a enquete logo no início, ele tava na minha frente e divulgou “tá vendo aí… mais popular”. Então, a gente conseguiu uma decisão na Justiça para retirar aquilo ali porque o resultado final não foi aquele, inclusive, o próprio site fez uma nota explicando a situação. Acho que falta para as pessoas aquele compromisso com a verdade, parece que as pessoas entram na política e acham que na política a mentira tem vez e eu não concordo com isso, sabe? Eu acho que não é por aí. A mentira nunca vai ter vez, especialmente, na política porque a gente está lidando com coisa pública e não com as nossas coisas.

AjuNews: O afastamento momentâneo do Patriota implica na corrida eleitoral de 2020 do Cidadania?
Danielle Garcia: Eu acho que não, acho que o nosso grupo está bem consolidado. Óbvio que o ideal era que a oposição toda estivesse junta nessa luta, mas vai entender as vaidades pessoais, isso é uma coisa que foge do nosso controle. Eu sempre digo que eu nunca tive um sonho. “Ah, meu sonho é ser prefeita de Aracaju”. Eu estou encarando essa pré-campanha como missão, como na atividade policial, missão dada é missão cumprida. Não foi uma decisão unilateral minha, não foi uma decisão baseada num sonho pessoal meu, numa vaidade, inclusive, diversas vezes eu discuti com algumas pessoas, com Emília [Corrêa, vereadora de Aracaju], “olha se você achar que essa é sua vontade, você está na política a mais tempo que eu, não tem problema nenhum, eu não saio candidata ou saio candidata a outro cargo”. Enfim, então como foi uma decisão do grupo eu estou encarando como missão. Volto a dizer o ideal é que nós estivéssemos juntos, não sei o que aconteceu no meio do caminho, acho que as pessoas que se afastaram da gente é que podem explicar melhor. Eu não posso falar pelos outros, pelo que está na cabeça dos outros, mas sinto muito que nós não estejamos todos juntos para combater uma gestão que para mim é uma péssima gestão. Estão no poder há mais de 16 anos e a gente continua com caos em todas as áreas saúde, alimentação, mobilidade urbana, transporte, economia, turismo. É uma pena que a gente não possa estar juntos nesse momento em prol de um objetivo maior que é a reconstituição da nossa cidade.

AjuNews: O Cidadania vem conversando com outros partidos ou o grupo defende uma chapa “puro sangue”?
Danielle Garcia: A gente tem conversado sim com outros partidos, praticamente todos os partidos da oposição nós já conversamos. Acho que o único partido que a gente não chegou a conversar foi o partido de Rodrigo por razões óbvias. Ele partiu para o ataque desenfreado direcionado a Alessandro e agora a mim, então não tem cabimento, não tem sentido a gente sentar para conversar, infelizmente. Mas todos os outros partidos a gente já conversou, tem conversado, tem se encontrado, tem encontros marcados, não tem nenhuma definição assim batido o martelo de que seria uma chapa puro sangue. Embora essa também seja uma opção porque a depender da conjuntura a gente não vai retroceder, mas as portas estão abertas sim.

AjuNews: A senhora defende o adiamento das eleições ou um novo formato?
Danielle Garcia: Eu acho que tem que ter um novo formato, sim, por causa da pandemia. Imagino que as emendas constitucionais que vão ser aprovadas no Congresso passada para dezembro atendam bem a questão de refazer o cronograma por conta da covid-19. Mas, eu não acho legal adiar as eleições como existe para alguns a hipótese de que as eleições sejam unificadas com a próxima eleição de governador daqui a dois anos, que seria governador e prefeito. Eu acho que isso foge completamente do controle, isso é inconstitucional. Teria que haver uma emenda constitucional, mas eu sou totalmente contra essa hipótese. Eu trabalho com a ideia de que as eleições seriam realmente em dezembro deste ano.

AjuNews: Delegada, a senhora chegou a trabalhar com o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Na época, soube de alguma possível interferência do presidente Bolsonaro na PF?
Danielle Garcia: Eu não trabalhava no núcleo de decisões do Ministério da Justiça, eu trabalhava na parte de capacitação da Polícias Civis, então o meu ciclo de atuação era muito restrito, mas ouvi falar em alguns momentos acho que em agosto eu ouvi algum comentário no MJ de que havia alguma interferência, uma tentativa de interferência na nomeação do delegado da Polícia Federal do Rio de Janeiro, mas não sei nenhum detalhe sobre isso, não participava dessas reuniões, nunca tive esse contato. O que eu acho que tem que ficar claro é assim, eu votei em Bolsonaro, na minha cabeça no segundo turno era a opção, eu não me sentia confortável em votar naquele momento no PT depois daqueles processos, a Operação Lava Jato que eu conheço de perto. Mas, tem um detalhe, a gente vota em um candidato, mas é o que eu disse no começo da entrevista, se ele erra, ele tem que pagar pelo erro. Não existe essa essa coisa de que eu votei tem que defender, inclusive, os erros. Acho que quem votou em Bolsonaro realmente imaginou que ele atuaria com independência, com ministros técnicos, e de fato eu acho que no início foi assim, no início foram escolhidos de forma mais técnica e mesmo a Damares que é uma ministra que recebe muita crítica da oposição, ela tem um alinhamento com Bolsonaro e com as ideias dele. Mas eu acho que agora as coisas meio que se perderam um pouco, né? A interferência do presidente na PF a gente não pode minimizar isso. Foi o que aconteceu em Aracaju, em Sergipe, quando eu era delegada da Deotap, quando era Alessandro chefe de polícia, quando João Batista era secretário da Segurança, e por muito menos todo mundo pediu para sair, todo mundo saiu dos cargos. Entregou porque a gente estava numa grande investigação e havia toda hora algum tipo de interferência na nossa investigação. A gente não pode admitir que isso aconteça, isso não é o normal, isso não é legal, isso não é democrático.

AjuNews: Como avalia o cenário da política nacional, desde o rompimento do ex-ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido)?
Danielle Garcia: Eu sou totalmente contra o uso político da Polícia Federal e acredito que os meus colegas delegados da Polícia Federal, agentes e escrivães não se curvarão a qualquer interferência política. Resistir o máximo que eles puderem, assim como a gente resistiu bravamente aqui. E com relação a operação na casa de WItzel, rompido ou não com o governo federal, se ele errou que pague. Se tem algum erro na compra dos respiradores, superfaturamento nesse momento de pandemia, que pague. Seja preso, que sofra busca e apreensão, que tenha bens recolhidos, bens bloqueados. Não acredito que a Polícia Federal faria uma incursão dessa, até porque a Polícia Federal depende de uma decisão judicial, que passe pelo Ministério Público e pelo juiz, no caso o ministro da STJ [Superior Tribunal de Justiça], eu não acredito que a Polícia Federal faria uma incursão dessa sem provas e muito menos que a Justiça decretaria qualquer coisa sem provas. Eu confio muito ainda na Justiça e na atuação da Polícia Federal, confio muito. Agora, claro vão tentar politizar de todas as formas.



Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Leia os termos de uso