Saúde
Mandetta cita Itália e explica porque o Brasil não deve retomar o futebol
O ex-ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Luiz Henrique Mandetta, explicou nesta sexta-feira (8) por que acredita que não é recomendável para o Brasil retomar as atividades ligadas ao futebol tão cedo, em pleno momento de crescimento da curva de contágio do novo coronavírus (covid-19), e listou as diferenças entre Alemanha e Itália neste quesito.
“Quando você quer acelerar a volta, um debate que eu tive com vários empresários, você corre o risco de acelerar, em nome da atividade econômica ou do esporte… Esses argumentos são muito fortes, aí a pessoa cai na tentação de acelerar. Essa aceleração pode levar a um quadro de transmissão desordenada, que leva a cidade ao que chamam de lockdown. Não gosto de palavras inglesas, eu chamo de quarentena”, disse em entrevista à ESPN Brasil, e continuou:
“Muita gente está achando que quarentena é aquilo que nós experimentamos nos meses passados. Não! Nós só fizemos a recomendação [do distanciamento social] pelo bom senso, orientação. Mas não paramos ninguém. Quando você determina quarentena ou lockdown, aí é uma coisa muito mais dura. É ficar em casa, sair no máximo para 50 metros da sua casa sob pena de multa ou prisão”, explicou Mandetta.
“É uma coisa impositiva, a força da lei vai lhe colocar dentro de casa. E quando a cidade e os espaços têm de apelar para este tipo de medida, a economia, o futebol, o teatro e a cultura levam muito mais tempo para se recuperar. Basta você ver como está a Itália, que nem pensa em discutir volta de futebol”, destacou o ex-ministro.
Ele lembrou que a região da Lombardia, que foi a mais afetada pelo vírus na Itália, tem discutido nos últimos dias a parcela de culpa do futebol sobre o crescimento da epidemia. Para muitos, a culpa é do prefeito de Milão, que demorou em interromper o futebol e colocou milhões em risco: “A região da Lombardia colocou na conta dele os jogos de futebol como um dos prováveis vilões da proliferação”.
Na opinião de Mandetta, a forte reação da Alemanha contra o coronavírus permite que o país reabra atividades como esta com mais rapidez do que outros países.
“Tenho acompanhado a discussão na Alemanha sobre a volta da Bundesliga. Eles vão fazer um protocolo muito rígido, tenho pedido qual é o protocolo que vão adotar. A Alemanha é um dos poucos países que tinham capacidade instalada porque trabalha nos hospitais com redundância: tudo o que tem ativo também tem no depósito do hospital em dobro. Quando teve necessidade, expandiu a rede muito rápido e tem profissionais bem formados”, disse e continuou:
“O Brasil tem problemas de equipamentos de proteção individual [EPI], respiradores e profissionais de saúde. O que seria razoável seria administrar duas variáveis: velocidade de transmissão, e vulnerabilidade. Melhorando a performance do sistema e controlando ao máximo a transmissibilidade, a gente passaria por esse estresse de maneira um pouco mais lenta. Em dois ou três meses, passaríamos, mas com muito menos perdas”, concluiu.
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