Justiça


Advogado de Mariana Ferrer afirma que “há provas acachapantes do estupro”


Publicado 05 de novembro de 2020 às 11:00     Por Fernanda Sales     Foto Reprodução / Twitter

O advogado Julio Cesar Ferreira da Fonseca, que assumiu o caso da influencer Mariana Ferrer, afirmou que há “provas acachapantes” para incriminar o empresário André de Camargo Aranha pelo crime de estupro contra sua cliente. Aranha tinha sido absolvido em setembro, pelo juiz Rudson Marcos da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, que entendeu não haver provas suficientes para a condenação. Mas o caso voltou à tona nesta terça-feira (3) após trechos de uma audiência serem divulgados pelo site The Intercept.

No vídeo da audiência, o advogado de Aranha, Cláudio Gastão da Rosa Filho, mostra fotos de Mariana e as classifica como “ginecológicas”. Depois ele repreende o choro de Mariana: “Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo”. E diz que ela manipulou os fatos. O comportamento do advogado de Aranha provocou manifestações da OAB, do CNJ e até do ministro do STF Gilmar Mendes, além de repercutir nas redes sociais.

Segundo informações divulgadas pelo site Universa, o advogado de Mari Ferrer destaca que o processo tem “falhas” e “problemas”. Por isso, o defensor pediu a anulação da sentença em uma apelação, espécie de recurso, ingressada há cerca de um mês no Tribunal de Justiça de Santa Catarina 9TJ-SC).

De acordo com Fonseca, ainda não houve andamento no pedido. Questionado pelo site, o Tribunal de Justiça afirmou que a sentença “está sujeita a revisão por instâncias superiores”. “[Minha apelação] mostra falhas no processo e a existência de provas acachapantes [indiscutíveis] contra o réu. Estamos confiantes na reversão”, afirmou.

Entre as provas, o advogado de Mariana diz que o exame de DNA na roupa íntima dela atesta a presença do material genético de Aranha. Além disso, há um vídeo que mostra a influencer em uma escada acompanhada pelo acusado em direção a um camarim restrito da casa. A gravação mostra ela saindo após seis minutos, seguida do empresário. E, além disso, ele diz que o exame de corpo delito atesta a relação sexual e o rompimento do hímen e acrescenta que há ainda o depoimento de um motorista de aplicativo que levou Mariana para casa “em estado transtornado, desconsertada”.

Advogado critica o promotor
Segundo a publicação, o advogado também fez críticas ao parecer do promotor Thiago Carriço de Oliveira. “Pergunta para o promotor por que nas alegações finais ele confirma que foi ‘fulano de tal’, que houve conjunção carnal e que a vítima estava vulnerável, mas, no meio do caminho, mudou de ideia e se manifestou pela absolvição? Nunca vi isso: você confirma a autoria, a materialidade [que o crime aconteceu] e depois absolve. Isso é brincadeira.” O Ministério Público de Santa Catarina afirmou ao jornal que o vídeo da audiência divulgado pelo Intercept sofreu manipulação.

Fonseca afirma ainda que o processo não tem mais interesse privado e, por isso, o sigilo deve ser retirado. “Já tomou uma dimensão em que o interesse passou a ser público.” Entretanto, ele diz que está analisando essa possibilidade com Mariana. O promotor do caso pediu a derrubada do sigilo do vídeo da audiência.

“Divulgação seletiva”, diz advogado de Aranha
Já o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que defendeu Aranha no processo, afirmou ao Universa que houve uma “divulgação seletiva” de trechos da audiência. “A audiência foi tensa e os embates entre a defesa e Mariana foram constantes e longos. Mariana mencionou as minhas filhas menores e aspectos pessoais da minha vida, algo que raramente é feito pela parte de um processo em relação a um advogado que nele atua”, diz o texto do advogado.

Em seguida, ele reconheceu que fez indagações a Mariana, mas que repudia qualquer forma de agressão ou violência física ou moral contra a mulher, lamentando o “mal-entendido, caso alguém tenha se sentido ofendido”.

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