Justiça
Após denúncia, MPF ajuíza nova ação para que UFS aplique cotas em concurso para professor
Após uma nova denúncia de descumprimento da Lei de Cotas no concurso público para professor realizado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), o Ministério Público Federal (MPF) acionou a Justiça para corrigir a aplicação da recomendação encaminhada em 2019. A ação civil pública foi ajuizada em janeiro deste ano.
De acordo com o documento, o MPF já havia orientado à universidade que o cálculo das vagas reservadas para candidatos negros deveria ocorrer sem fracionamentos, mediante aplicação do percentual de 20% sobre o total de cargos, somadas todas as especialidades e locais de lotação, inclusive sobre as vagas surgidas posteriormente, durante a vigência do certame.
Segundo a investigação instaurada em outubro de 2019, a atuação da universidade contrariava o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC 41) quando definiu, dentre outros parâmetros, que a reserva de vagas deve ser aplicada sobre todas as vagas oferecidas no concurso público, não apenas aquelas existentes no edital de abertura.
Em 2021, o MPF recebeu nova denúncia de descumprimento da Lei de Cotas nesse mesmo processo seletivo. Um candidato aprovado como cotista relatou que a Universidade deixou de seguir a recomendação quanto às novas vagas que surgiram durante a validade do concurso, o qual havia sido prorrogado. Após uma apuração, foi constatado que a UFS havia dado posse a um total de oito candidatos aprovados no concurso em questão, duas vagas a mais do que a quantidade originalmente oferecida no edital.
A procuradora regional dos direitos do cidadão, Martha Figueiredo, afirmou que a UFS reconheceu o equívoco na aplicação da Lei das Cotas, mas informou que estava impossibilitada de agir administrativamente para convocação do candidato negro preterido na nomeação.
“Como a Universidade afirmou que para corrigir a ilicitude dependia de ordem judicial, não nos restou outro caminho que não a propositura da ação”, explicou a procuradora.
Entre os pedidos feitos à Justiça, o MPF quer que a Universidade corrija a aplicação da lei de cotas no concurso público, aplicando o percentual de 20% sobre o total de vagas oferecidas no certame, sem fracionamento, durante toda sua vigência. Neste caso concreto, a correção deverá ocorrer com a nomeação de Ilzver Matos, único candidato negro que ainda figura na lista de espera dos aprovados cotistas no certame.
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