Justiça
Denúncia contra Glenn Greenwald quer “constranger profissional”, diz Abraji
A diretoria da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou comunicado, nesta terça-feira (21), na qual critica a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, no âmbito da Operação Spoofing.
Segundo a denúncia, assinada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, Greenwald teve participação no esquema de invasão de celulares de autoridades brasileiras. Embora não tivesse sido investigado ou indiciado, o jornalista teria auxiliado, incentivado e orientado o grupo responsável pelas invasões, de acordo com o MPF.
Em nota, a Abraji afirmou a denúncia feita viola a liberdade de imprensa. “A denúncia contra Glenn Greenwald é baseada em uma interpretação distorcida das conversas do jornalista com sua então fonte. Tem como único propósito constranger o profissional, como o texto da denúncia deixa ver: por duas vezes, o procurador refere-se a Greenwald com o termo jornalista entre aspas, como se ele não se qualificasse como tal – e como se coubesse a um membro do MPF definir quem é ou não jornalista”, diz trecho da nota.
Para a associação, “é um absurdo que o Ministério Público Federal abuse de suas funções para perseguir um jornalista e, assim, violar o direito dos brasileiros de viver em um país com imprensa livre e capaz de expor desvios de agentes públicos”. A Abraji afirma ainda que repudia a denúncia e apela à Justiça Federal para que a rejeite, em respeito não apenas à Constituição, mas à lógica.
De acordo com a coluna Painel, do jornal Folha de São Paulo, a Polícia Federal não vê evidências de que o jornalista Glenn Greenwald tenha participado dos crimes investigados no hackeamento contra autoridades da Lava Jato. No relatório do caso, o delegado Luiz Flávio Zampronha diz não ter sido possível identificar ações de Glenn.
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