Política


Moro quebrou sigilo de conversa entre Lula e Dilma no dia em que ex-presidente foi anunciado ministro


Publicado 04 de fevereiro de 2021 às 10:39     Por Eduardo Costa     Foto Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ex-juiz Sergio Moro quebrou o sigilo de uma conversa entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, no dia em que Lula foi anunciado como ministro do governo Dilma. Em 18 de março de 2016, Lula foi indicado como ministro da Casa Civil, mas foi impedido logo depois pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o portal UOL, Moro, então juiz da Operação Lava-Jato, quebrou o sigilo após conversas com o procurador da Operação em Curitiba (PR), Deltan Dallagnol. Dias depois, em 22 de março, Moro disse por mensagem no Telegram: “Não me arrependo do levantamento do sigilo. Era melhor decisão. Mas a reação está ruim”.

Em outra quebra, Moro e Dallagnol debateram levantar o sigilo de uma ação da Polícia Federal (PF) sobre o acervo de Lula, e o despacho suspendendo o sigilo foi feito por Moro uma hora e meia depois. Deltan Dallagnol temia que a nomeação de Lula impedisse a quebra do sigilo, por conta do foro privilegiado como ministro.

“Temos receio de a nomeação de Lula sair na segunda [14 de março] e não podermos mais levantar o sigilo. Como a diligência está executada, pense só relatório e já há relatório preliminar, seria conveniente sair a decisão hoje, ainda que a secretaria operacionalize na segunda. Se levantar hoje, avise por favor porque entendemos que seria o caso de dar publicidade logo nesse caso”, afirmou Deltan.

No dia 11 de março de 2016, Moro disse a Dallagnol por volta das 16h: “A PF deve juntar relatório preliminar sobre os bens encontrados em depósito no Banco do Brasil. Creio que o melhor é levantar o sigilo dessa medida. Abri para manifestação de vocês, mas permanece o sigilo. Algum problema?”.

O sigilo era referente a um pedido de busca e apreensão por conta de um termo encontrado na casa de Lula, que indicava o depósito de “23 caixas lacradas” em uma agência do Banco do Brasil em São Paulo. Nas caixas, que estavam lá desde 2011, supostamente haviam presentes recebidos por Lula ao longo dos dois mandatos.

Já às 16h44 do mesmo dia, Deltan Dallagnol pediu oficialmente a retirada do sigilo, atendida por Moro às 17h25. Ou seja: 1h25 entre as mensagens e a decisão do juiz. O cruzamento foi feito pelo UOL de acordo com mensagens nos autos e sistemas do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Justiça Federal do Paraná.

A decisão de revelar parte das mensagens se deu pelo ministro Ricardo Lewandowski, do STF, na última segunda-feira (1º). A defesa de Lula submeteu o material à perícia.

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