Política


Glenn Greenwald diz que esquerda brasileira tem percepção errada de Joe Biden: ‘Ele não é Lula’


Publicado 09 de novembro de 2020 às 10:00     Por Eduardo Costa     Foto Reprodução

O jornalista Glenn Greenwald afirmou em entrevista à colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, no último sábado (7), que a esquerda brasileira tem uma percepção errada sobre o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden. Segundo ele, Biden está longe de se pautar em questões mais ligadas a tal espectro político.

“Política não é sobre quem você gosta como ser humano. Biden tem 50 anos no poder, e é muito claro o que ele vai defender, qual ideologia vai implementar. Ele não é Lula, não é Evo Morales, não é contra a guerra, não é socialista”, afirmou.

Gleen Greewnwald relembrou, por exemplo, a participação de Joe Biden como senador durante a Guerra do Iraque, no começo dos anos 2000. “Em 2002, Biden era o chefe do Comitê de Relações Exteriores. Foi o senador democrata mais influente nas questões da guerra. Ele apoiava a invasão do Iraque veementemente. O apoio que ele deu a Bush foi crucial para persuadir outros senadores democratas a votarem a favor da guerra”, declarou.

Ele falou também sobre o recente pedido de demissão do The Intercept, site que ele ajudou a fundar com vários braços no mundo (incluindo no Brasil). Segundo o jornalista, houve censura a um texto de sua autoria antes da eleição nos Estados Unidos com críticas a Joe Biden.

“Twitter e Facebook bloquearam a possibilidade de ler. Essa mentalidade de censura está sendo fortalecida nos EUA, e acho que vai continuar, porque o Partido Democrata acredita muito na justificativa. Então, para mim, as liberdades mais importantes da democracia, de expressão, de imprensa, de ser dissidente, estão sendo atacadas nos EUA”, disse Glenn.

Por fim, o jornalista mostrou-se contente com a saída de Donald Trump no governo, fez uma comparação com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (sem partido) e disse crer que o chefe do Brasil é mais perigoso que o dos Estados Unidos.

“Trump é uma pessoa horrível. É racista, tem muito preconceito. Como presidente, é preguiçoso. Não é como Bolsonaro, que tem crenças muito fixas. Ele conhece o sistema político mais do que Trump. Bolsonaro é mais perigoso que Trump, porque o sistema americano é muito mais forte para resistir a pessoas que querem ser autoritárias”, encerrou.

Glenn nasceu em Nova York, nos Estados Unidos, e se mudou para o Rio de Janeiro em 2005. Em 2019, comandou uma série de reportagens do The Intercept Brasil fazendo denúncias relacionadas à Operação Lava-Jato, que ficaram conhecidas como “Vaza Jato”.

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