O senador por Sergipe, Alessandro Vieira (Cidadania), protocolou um relatório com sugestões para o parecer final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, nesta sexta-feira (15). O suplente propôs o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de outros 17 integrantes e ex-integrantes do governo, gestores de saúde ou parlamentares.

De acordo com o parlamentar, a lista é composta por aqueles que tiveram influência direta na ação estatal que levou a um grande número de mortes evitáveis pela covid-19. Entre os indiciados estão: ministro da Defesa e ex-coordenador de resposta à pandemia, Walter Braga Netto; ministro da Economia, Paulo Guedes; ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e seu ex-assessor Élcio Franco; e os deputados federais Ricardo Barros (PP-PR) e Osmar Terra (MDB-RS).

O senador sugere que sejam ampliadas as investigações acerca dos crimes cometidos por outras pessoas que influenciaram na tragédia que já levou a mais de 600 mil vítimas em decorrência do vírus. Nas últimas semanas, Vieira se reuniu com um grupo de juristas coordenado pelo ex-ministro da Justiça e professor da USP Miguel Reale Júnior. Os crimes imputados aos indiciados foram estudados pelo grupo.

“A consequência objetiva da atuação estatal, comandada por Jair Bolsonaro, foi uma disseminação acelerada da pandemia, gerando sobrecarga no sistema de saúde e um número elevado de mortes evitáveis. A busca por uma imunidade de rebanho, adquirida por meio do contágio da população, está no centro da conduta. As milhares de mortes previsíveis eram tratadas como danos colaterais irrelevantes dentro da estratégia criminosa, focada em reduzir impactos políticos e facilitar a reeleição do presidente da República”, afirma Vieira no relatório.

De acordo com o líder do Cidadania no Senado, a “estratégia criminosa” do governo Bolsonaro pode ser resumida em sete pontos: minimização da gravidade da pandemia; criação de uma falsa dicotomia entre saúde e economia; ações deliberadas para tirar credibilidade de governadores, prefeitos e instituições; disseminação de notícias falsas; comportamento inadequado de líderes públicos; promoção deliberada de medicamentos sem eficiência comprovada; e descaso com os povos indígenas.

A proposta protocolada será avaliada pelos senadores, que votam na próxima semana o relatório final do senador Renan Calheiros (MDB-AL). O relator da CPI deve propor o indiciamento de Bolsonaro por 11 crimes.