Política


Bolsonaro cobrava investigações sobre Rodrigo Maia, Doria e Witzel na PF


Publicado 25 de abril de 2020 às 13:05     Por Peu Moraes     Foto Antonio Cruz / Agência Brasil

Ao deixar o Ministério da Justiça e Segurança Pública, nesta sexta-feira (24), o ex-juiz federal Sergio Moro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) queria interferir na Polícia Federal (PF) para ter em cargos estratégicos pessoas de sua confiança a quem ele pudesse solicitar informações de investigações.

Segundo Moro, dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) preocupam o presidente. Contudo aliados dele e integrantes do judiciário afirmam também, segundo o jornal O Globo, deste sábado (25), que Bolsonaro reclamava com frequência porque achava que a PF “fazia corpo mole” ao não investigar o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB) e Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC)

“A recusa em atuar no inquérito das fake News que pode respingar no deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) foi o estopim”, afirmou um integrante do judiciário, que pediu anonimato ao jornal. “Bolsonaro queria autonomia para ‘pilotar’ a PF como um todo, principalmente para investigar Maia, a quem ele vem pedindo mais empenho nas investigações”, acrescentou.

Os inquéritos do STF apuram a disseminação de fake news e ataques a parlamentares e ministros da Corte pelas redes sociais, enquanto o outro está centrado na organização de atos antidemocráticos no último fim de semana. Os superintendentes e diretores que participaram da reunião com o ex-diretor geral da PF Maurício Valeixo na quarta-feira (23), ficaram perplexos ao ver o presidente afirmar no pronunciamento dessa sexta, que o diretor-geral teria dito que estava “cansado” e por isso queria deixar o cargo.

Duas pessoas presentes à reunião com Valeixo na quarta-feira de manhã disseram que ele afirmou apenas que “não tinha apego a cargos” e que, se ele tivesse que sair por vontade do ministro Sergio Moro, ele sairia. “É muito diferente de dizer que ele estava cansado e que ia sair, comunicando a exoneração. Ele não disse isso”, afirmou um delegado.

Existe expectativa sobre um eventual boicote como ocorreu com Fernando Segóvia duraPnte o governo de Michel Temer (MDB), que ficou pouco mais de três meses no cargo e não contava com cooperação da própria instituição.



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