Política


Cassação de mandato de deputado baiano é pedida após ofensas à PM no Carnaval


Publicado 27 de fevereiro de 2020 às 08:40     Por Redação AjuNews     Foto Inácio Teixeira / Prefeitura de Salvador

Deputado federal pelo DEM baiano, o cantor Igor Kannário se envolveu em uma polêmica no Carnaval de Salvador. Durante o desfile do seu bloco, no circuito Osmar (Campo Grande), em Salvador, na segunda-feira (24), o parlamentar atacou policiais militares enquanto foliões brigavam.

Na ocasião, o artista chamou policiais de ‘bunda mole’ e fez outras provocações. “Agressores. Venham me bater aqui em cima seus bunda mole. Se acontecer algo comigo, me matarem, foi a Polícia Militar […] Peço à imprensa, filma isso aí. Isso é abuso de poder, abuso de autoridade. Quero uma vaia para a Polícia Militar da Bahia”, bradou.

Após o ocorrido, a direção do Instituto de Consulta, Estudos e Pesquisas Militar da Bahia (Iceme-BA) propôs um abaixo-assinado que pede o fim do exercício parlamentar de Kannário “por condutas incompatíveis com o decoro parlamentar, condutas estas que atingem diretamente a moral e a prestação de serviço de policiais militares da Bahia”. Até o momento da publicação desta reportagem, a petição já constava mais de 23 mil assinaturas.

Também depois do ocorrido, a Polícia Militar da Bahia (PM-BA) emitiu nota de repúdio. O comando da PM-BA classificou a conduta de Kannario como “atitude irresponsável e criminosa” e afirmou que “o também deputado federal incitou os foliões contra os policiais militares que faziam o policiamento do circuito Osmar”.

“É inaceitável que qualquer pessoa, ainda mais um parlamentar, tente comprometer a honra da instituição e de policiais militares que estão comprometidos e empenhados na defesa da sociedade baiana. Todas as medidas judiciais cabíveis que o caso requer serão adotadas”, disse a instituição.

O governador da Bahia Rui Costa (PT) acionou a Procuradoria Geral do Estado (PGE), que pediu que o Ministério Público do Estado (MP-BA) aceite denúncia contra Kannário por calúnia e difamação, crimes previstos no Código Penal.

O Ministério Público informou que recebeu a representação durante o plantão de Carnaval. “No documento, a Procuradoria-Geral do Estado destaca que, além das palavras agressivas e de ‘baixo calão’ contra os policiais, o cantor proferiu as frases do alto de um trio elétrico para uma multidão, fato que poderia causar a incitação da população contra a Polícia Militar e comprometer a segurança da festa”, diz o MP. O órgão informou que vai analisar o pedido.

Após a repercussão, o deputado emitiu nota para imprensa e disse que desde sua apresentação tem recebido ataques e ameaças. Ele também rebateu informações que têm circulado que apontam que ele não entregou nenhum projeto de lei desde que chegou à Câmara Federal, citando que teve 30 propostas apresentadas em seu primeiro ano de mandato.

“Estou sendo vítima de ataques de covardes que não respeitam a democracia. Reitero meu respeito pela instituição Polícia Militar, mas repito que não irei me calar diante dos excessos. Querem, de todas as formas, manchar a minha imagem com fake news, mas não vão conseguir. Sobre os ataques e ameaças, as devidas medidas serão tomadas”, diz Kannário.

Nas redes sociais, os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Daniel Silveira (PSL-RJ) chamaram o parlamentar de “vagabundo” e “marginal”. A também colega Major Fabiana (PSL-RJ) foi outra a engrossar o coro. A parlamentar disse que Igor fez uma “incitação criminosa” e que “não é capaz de respeitar as instituições, imagina a população que votou nele e o vê como exemplo”.

Já o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), afirmou que Kannário não estava no trio como político. “Isso não tem nada a ver com questão partidária. Ele, aqui, tem que responder como cantor e como artista. Não tem nada a ver com atividade parlamentar ou política de Igor Kannário. Tem a ver com a sua condição de artista. Uma coisa não tem nada a ver com a outra”.



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