A polêmica alteração no número de mortes por covid-19 no Brasil, feita pelo Ministério da Saúde na última semana, foi provocada após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) determinar que casos fiquem abaixo de mil por dia. Segundo o jornal Estadão, nesta segunda-feira (8), a solução foi divulgar apenas os óbitos que ocorreram nas últimas 24h. Antes, os dados diários traziam mortes ocorridas em dias anteriores, mas que só foram confirmadas no dia da divulgação.

Segundo a reportagem, a medida é uma estratégia do governo para abafar avanço da doença no país e de apontar um exagero por parte da imprensa, alvo constante de ataques por parte de Bolsonaro. Ainda de acordo com o jornal, a ideia é mostrar que nunca aconteceram mais de mil mortes por dia, mas que houve a consolidação de dados de pacientes que faleceram em datas anteriores. Na última quarta-feira (3), o Brasil registrou o maior número de vítimas pela doença até então, com 1.349 vítimas em 24h.

Na mesma data, o governo alterou o horário de divulgação do balanço diário realizado pelo Ministério da Saúde e divulgação passou para as 22h. Após dois dias de atrasos consecutivos, na sexta-feira (5), o presidente disse que ‘acabou matéria do jornal nacional’, em referência ao telejornal comandado por William Bonner. Ainda na sexta, o portal do Ministério da Saúde saiu do ar e retornou após as 19h apenas com a informação de casos novos registrados no mesmo dia.

A decisão foi alvo de críticas por diversas autoridades e a avaliação do governo sobre a mudança na forma de divulgação é de que a equipe do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazzuello, executou mal a determinação de Bolsonaro. Agora a ordem é demonstrar que a nova forma de divulgação dos dados foram um erro e não alta de transparência.

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