Política


Em meio a crise no Sisu e Enem, secretário de Educação Superior do MEC pede demissão


Publicado 31 de janeiro de 2020 às 06:28     Por Redação AjuNews     Foto Valter Campanato / Agência Brasil

O secretário de Educação Superior do MEC (Ministério da Educação), Arnaldo Lima Junior, pediu demissão nesta quinta-feira (30). Ele disse sair por motivos pessoais.

Lima Junior apresentou o pedido de demissão por meio de carta, obtida pela Folha. O secretário era um dos principais auxiliares do ministro Abraham Weintraub.

A saída dele se dá em meio a crise após a divulgação de notas do Enem com erros.

A prova é usada para selecionar estudantes para universidades de todo o país por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada).

Na carta, Lima Junior afirma que se desliga da secretaria do MEC “para abraçar um novo propósito profissional”.

“Quando assumi a secretaria, estava ciente da responsabilidade que resultaria desse ato, mas nunca deixei de ousar e nunca fiz nada sozinho”, escreveu.

A Sesu, como é chamada a Secretaria de Educação Superior, é responsável pelas universidades federais, que no ano passado passaram por bloqueios de recursos. As instituições foram os principais alvos de críticas feitas por Weintraub.

De acordo com Lima Junior, a secretaria participou da elaboração de projetos com a marca da gestão Jair Bolsonaro como a ID Estudantil, o diploma digital e o Novo Revalida.

Segundo Lima Junior, o órgão também foi responsável por aperfeiçoar o Fies (Financiamento Estudantil).

“Conseguimos 100% dos recursos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA), implementamos cinco novas universidades federais e desenvolvemos o Future-se.”

Um dos principais programas elaborados pela Sisu, o Future-se foi desenvolvido na gestão Lima Junior. O projeto prevê incentivos à participação da iniciativa privada nas federais.

A proposta não foi bem recebida na comunidade acadêmica, e o texto com as diretrizes do programa ainda não foi enviado ao Congresso.

Para Lima Junior, “esse programa é o que há de mais inovador na educação brasileira”. Segundo ele, o envio da proposta ao Legislativo será a sua última “missão no glorioso Ministério da Educação”.

Na carta, Lima Junior ressalta participação na criação da carteirinha estudantil (ID Estudantil), projeto criado para enfraquecer a UNE (União Nacional dos Estudantes). Uma medida provisória está no Congresso e corre o risco de perder validade.

Ele cita ainda o Novo Revalida. A proposta da Sesu de incluir instituições privadas no sistema de revalidação de diplomas de medicina foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Lima Junior ficou nove meses à frente da secretaria. Nesse período, segundo ele, foram muitos os desafios no dia a dia à frente dos temas de educação superior. “Mas pude contar com o apoio do ministro Abraham Weintraub, do secretário-executivo, Antonio Paulo Vogel de Medeiros, dos demais secretários e colaboradores do MEC e, especialmente, da família Sesu [Secretaria da Educação Superior]”, escreve.

“Deixo as portas abertas, o que me traz grande alegria, e me despeço com a certeza do dever cumprido, sabendo que bons frutos serão colhidos das sementes que ajudei a plantar”, finaliza a carta.



Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Leia os termos de uso