Política
Em meio a crise no Sisu e Enem, secretário de Educação Superior do MEC pede demissão
O secretário de Educação Superior do MEC (Ministério da Educação), Arnaldo Lima Junior, pediu demissão nesta quinta-feira (30). Ele disse sair por motivos pessoais.
Lima Junior apresentou o pedido de demissão por meio de carta, obtida pela Folha. O secretário era um dos principais auxiliares do ministro Abraham Weintraub.
A saída dele se dá em meio a crise após a divulgação de notas do Enem com erros.
A prova é usada para selecionar estudantes para universidades de todo o país por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada).
Na carta, Lima Junior afirma que se desliga da secretaria do MEC “para abraçar um novo propósito profissional”.
“Quando assumi a secretaria, estava ciente da responsabilidade que resultaria desse ato, mas nunca deixei de ousar e nunca fiz nada sozinho”, escreveu.
A Sesu, como é chamada a Secretaria de Educação Superior, é responsável pelas universidades federais, que no ano passado passaram por bloqueios de recursos. As instituições foram os principais alvos de críticas feitas por Weintraub.
De acordo com Lima Junior, a secretaria participou da elaboração de projetos com a marca da gestão Jair Bolsonaro como a ID Estudantil, o diploma digital e o Novo Revalida.
Segundo Lima Junior, o órgão também foi responsável por aperfeiçoar o Fies (Financiamento Estudantil).
“Conseguimos 100% dos recursos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA), implementamos cinco novas universidades federais e desenvolvemos o Future-se.”
Um dos principais programas elaborados pela Sisu, o Future-se foi desenvolvido na gestão Lima Junior. O projeto prevê incentivos à participação da iniciativa privada nas federais.
A proposta não foi bem recebida na comunidade acadêmica, e o texto com as diretrizes do programa ainda não foi enviado ao Congresso.
Para Lima Junior, “esse programa é o que há de mais inovador na educação brasileira”. Segundo ele, o envio da proposta ao Legislativo será a sua última “missão no glorioso Ministério da Educação”.
Na carta, Lima Junior ressalta participação na criação da carteirinha estudantil (ID Estudantil), projeto criado para enfraquecer a UNE (União Nacional dos Estudantes). Uma medida provisória está no Congresso e corre o risco de perder validade.
Ele cita ainda o Novo Revalida. A proposta da Sesu de incluir instituições privadas no sistema de revalidação de diplomas de medicina foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Lima Junior ficou nove meses à frente da secretaria. Nesse período, segundo ele, foram muitos os desafios no dia a dia à frente dos temas de educação superior. “Mas pude contar com o apoio do ministro Abraham Weintraub, do secretário-executivo, Antonio Paulo Vogel de Medeiros, dos demais secretários e colaboradores do MEC e, especialmente, da família Sesu [Secretaria da Educação Superior]”, escreve.
“Deixo as portas abertas, o que me traz grande alegria, e me despeço com a certeza do dever cumprido, sabendo que bons frutos serão colhidos das sementes que ajudei a plantar”, finaliza a carta.
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