Política
Em trecho de livro, Cunha culpa Temer, Maia e Baleia Rossi por impeachment de Dilma
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, culpou o ex-presidente da República Michel Temer, o atual presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016. A revelação se deu na introdução do livro “Tchau, Querida”, que será lançado por Cunha, e divulgada pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo.
Cunha criticou o livro “A Escolha”, lançado por Michel Temer, e o destacou como um dos principais articuladores do processo. O então vice-presidente, que assumiu o cargo com a queda de Dilma, nas palavras de Cunha “foi sim o militante mais atuante e importante” na derrubada da presidente.
“Não foi apenas o destino, ou simplesmente a previsão constitucional, que fizeram Michel Temer presidente da República. Ele simplesmente quis e disputou a presidência de forma indireta. Ele fez ‘a escolha’”, disse o ex-presidente da Câmara.
No livro, que ainda será lançado, Cunha promete “detalhes inéditos e minunciosos” sobre a disputa pelo poder à época. Mas outros dois personagens citados também são importantes: Rodrigo Maia, atual presidente da Câmara; e Baleia Rossi, deputado federal que é candidato na eleição da Casa em 2021 e apoiado justamente por Maia.
Eduardo Cunha disse que Rodrigo Maia foi um grande articulador do impeachment de Dilma: “Nós vamos mostrar também que Rodrigo Maia não tinha limites para a sua ambição e vaidade. Na busca do protagonismo do impeachment, ele quis forçar ser o relator da comissão especial do impeachment”.
“Eu tive que vetar essa sua pretensão, preferindo indicar o então líder do PTB, Jovair Arantes. Nós não venceríamos na comissão especial, se a relatoria ficasse com Maia”, acrescentou. Foi inclusive no apartamento de Maia, no Rio de Janeiro, que aconteceu a reunião que definiu as diretrizes finais do pedido de impeachment.
Em relação a Baleia Rossi, Cunha, que está em prisão domiciliar, destacou a sua relação próxima durante toda a vida política com Michel Temer. Segundo o ex-deputado, Rossi só não se tornou ministro do governo Temer porque “respondia naquele momento pela investigação de fraudes na merenda escolar de São Paulo, preferindo ficar na posição de líder [do governo], do que se arriscar como ministro”.
Por fim, Cunha ainda criticou as posturas do PT, destacando que o partido apoia Rossi e Maia na eleição da Câmara neste ano. “Essa aliás é, uma das razões da situação do PT, ter chegado aonde chegou. Os seus erros políticos e de avaliação são tão grandes, que será muito difícil o PT se levantar, se não tiver uma grande mudança de ventos. O apoio do PT a Rodrigo Maia e a Baleia Rossi, nos leva a sensação de que o partido está acometido da síndrome de Estocolmo”, completou.
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