O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que cometeu um erro ao dar uma entrevista ao programa “Fantástico”, no último domingo (12). Na entrevista, o ministro fez várias críticas indiretas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e reconheceu que, por isso, seu cargo pode estar novamente ameaçado. As informações foram publicadas pela Folha de São Paulo, nesta terça-feira (14).

Segundo a publicação, interlocutores no Planalto apontaram que Bolsonaro considerou que, diferentemente da semana passada, quando os militares defenderam a permanência de Mandetta na equipe, houve menor movimentação em defesa do ministro desta vez.

Durante a segunda-feira (13), Mandetta conversou com alguns aliados. Ele justificou que decidiu dar a entrevista porque ficou irritado com o comportamento de Bolsonaro no sábado (11), durante uma visita a um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás, em Goiás.

Após escapar na semana passada de uma demissão, Mandetta foi avisado que sua saída do governo federal voltou a ser uma possibilidade nos próximos dias. A falta de fortes mobilizações nas redes sociais em defesa do ministro foi vista pelo presidente como uma brecha para efetuar a demissão.

O descontentamento do grupo fardado ficou evidente, nesta terça-feira (14), com uma declaração do vice-presidente, general Hamilton Mourão. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, Mourão afirmou que o ministro da Saúde cometeu uma falta grave. “Cruzou a linha da bola, não precisava ter dito determinadas coisas”, afirmou o vice. No entanto, ele avaliou que o melhor seria o presidente não demitir Mandetta neste momento.

Auxiliares afirmam, no entanto, que ainda não se sabe se o Bolsonaro vai bancar o desgaste de dispensar Mandetta. Alguns assessores o aconselharam a atravessar a pandemia com o ministro, para evitar o desgaste da demissão caso o sistema de Saúde brasileiro entre em colapso.