Política


Ministério do Meio Ambiente quer mudar metas de preservação da Amazônia, diz jornal


Publicado 04 de agosto de 2020 às 09:41     Por Eduardo Costa     Foto José Cruz/Agência Brasil

Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo e publicados nesta terça-feira (4) mostram que o Ministério do Meio Ambiente, comandado por Ricardo Salles, quer driblar a meta de redução da devastação ambiental no Brasil. Segundo o jornal, a equipe do Ministério propôs a desconsideração da meta inicial no Plano Plurianual (PPA) até 2023, para diminuir o desmatamento e os incêndios ilegais em 90%.

Isso aconteceria em troca da defesa da garantia de preservação de uma área de apenas 390 mil hectares de vegetação nativa pelo recém-criado programa Floresta+ Amazônia. Como destaca o Estadão, a nova meta corresponde a quase um terço do que foi desmatado no bioma amazônico entre julho de 2018 e agosto de 2019, e ainda acaba com metas para os demais biomas.

Mas o jornal destaca que dentro do próprio governo há resistência. A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, negou o pedido afirmando que a alternativa é insuficiente. “Tem-se que a meta proposta para o combate ao desmatamento e incêndio florestal no País objetiva proteger 0,07% da cobertura florestal amazônica com um projeto piloto de pagamento de serviços ambientais da floresta. Dessa maneira, acreditamos que o Programa Floresta+ é relevante, porém insuficiente”, disse o o Ministério em documento obtido pelo Estadão. A equipe afirmou que concordaria com alterações no texto, mas com uma proposta mais abrangente.

A nova tentativa de Ricardo Salles é mais uma polêmica ambiental para o governo Jair Bolsonaro (sem partido). A equipe do Ministério argumenta que a troca de meta seria feita porque o objetivo original seria amplo. Mas a meta original foi aprovada pelos parlamentares da Câmara e sancionada justamente pelo atual governo em dezembro de 2019.

Ainda segundo o Estadão, o secretário Luís Gustavo Biagoni, que trabalha com Ricardo Salles no Ministério, afirmou em ofício que não existem indicadores para “mensurar os resultados” no país, e por isso seria impossível traçar uma meta de preservação. Perguntado pelo jornal sobre o assunto, o Ministério do Meio Ambiente disse que “acordou com a Economia apenas o detalhamento e a transversalidade da meta”.

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