Política


MP denuncia Flávio Bolsonaro e mais 15 pessoas por lavagem de dinheiro e peculato


Publicado 04 de novembro de 2020 às 09:22     Por Fernanda Sales     Foto Reprodução / Instagram

O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa. A denúncia foi investigada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) em função do Caso Queiroz, como ficou conhecido o processo das “rachadinhas”. Além de Flávio, o seu ex-assessor Fabrício Queiroz são suspeitos de comandarem um suposto esquema de repasses ilegais de salários de funcionários do gabinete do filho do presidente da República, quando ele era deputado estadual da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

As informações foram divulgadas pelo Uol nesta quarta-feira (4). Segundo a publicação, Fabrício Queiroz foi apontado como operador do esquema e outras 15 pessoas também foram denunciadas pela prática dos crimes, ocorridos entre os anos de 2007 e 2018. Se a Justiça aceitar a denúncia do MP-RJ, o filho de Bolsonaro e seus ex-assessores virarão réus.

Flávio Bolsonaro é investigado pelo MP-RJ por suspeita de atos ilícitos desde julho de 2018. A investigação começou a partir de um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). O caso está em “super sigilo” e foi apresentado no dia 19 de outubro por meio da Subprocuradoria-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos junto ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). Mas, como o desembargador relator estava de férias, a denúncia foi redistribuída e só chegou a ele nesta terça (3).

Ainda de acordo com a publicação, o trabalho identificou “movimentações financeiras atípicas” de 75 assessores ou ex-assessores de deputados estaduais do Rio. Fabrício Queiroz, assessor de Flávio quando o filho do presidente era deputado estadual fluminense, foi um dos citados. Ele movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A quantia era incompatível com a renda dele. A suspeita do MP é que Queiroz operava, a mando de Flávio, um esquema de “rachadinha”. Isto é, ele recolheria a maior parte dos salários dos colegas de gabinete, para repassá-lo ao filho do presidente.

Queiroz foi preso pela Operação Anjo em junho, em uma ação conjunta do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil de São Paulo. Ele foi detido em um imóvel do então advogado do senador no caso, Frederick Wassef, em Atibaia (SP), e levado para o Rio de Janeiro.

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio Noronha, determinou, em julho, que Queiroz fosse para prisão domiciliar. Em sua decisão, Noronha disse que a mulher de Queiroz, Márcia, foragida à época, tinha direito ao mesmo benefício. Na volta do recesso, o relator do processo, Félix Fischer, ordenou que o casal fosse para a cadeia, mas a decisão que foi derrubada por Gilmar Mendes, do STF.

“Não fiz nada de errado”
Em dezembro de 2018, Flávio Bolsonaro usou as redes sociais para negar qualquer ato ilícito em longo texto e disse ser o maior interessado para que tudo se esclareça. “Não fiz nada de errado, sou o maior interessado em que tudo se esclareça pra ontem, mas não posso me pronunciar sobre algo que não sei o que é, envolvendo meu ex-assessor”, escreveu, na ocasião.

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