Política
Prefeitos confirmam pedidos de propina em troca de verbas do MEC
Prefeitos de três municípios brasileiros confirmaram aos senadores durante uma audiência pública na Comissão de Educação do Senado, nesta terça-feira (5), que foram abordados por pastores que pediam o pagamento de propina em troca da liberação de verbas do Ministério da Educação (MEC). De acordo com os gestores, a intermediação aconteceu através dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, ligados à Igreja Ministério Cristo para Todos, de Goiânia.
Segundo o prefeito de Luís Domingues, no Maranhão, Gilberto Braga (PSDB), ele foi procurado em abril de 2021, quando estava em Brasília para participar de um evento no MEC com a presença do então ministro da pasta Milton Ribeiro e de outros prefeitos. Um grupo de 20 a 30 pessoas foi almoçar, sem a presença do ministro, no restaurante Tia Zélia. Nesse local, Braga disse que foi questionado pelo pastor Arilton Moura sobre quais seriam as demandas do município.
O pastor então teria orientado o gestor de Luis Domingues a fazer o pagamento de R$ 15 mil “para protocolar o pedido no MEC”. “Ele disse que tinha que ver a nossa demanda. De R$ 10 milhões ou mais, tinha que dar R$ 15 mil para ele protocolar [no MEC]. E, na hora que o dinheiro já estivesse empenhado, era para dar um tanto X. Para mim, como a minha região era área de mineração, ele pediu um quilo de ouro”, contou. Diante disso, o prefeito afirmou que não disse “nem que sim, nem que não” e foi almoçar. Segundo Braga, o pagamento não foi feito nem as demandas liberadas.
À Comissão, o prefeito de Bonfinópolis, em Goiás, Kelton Pinheiro (Cidadania), afirmou que os pastores cobraram R$ 15 mil para viabilizar a construção de uma escola, orçada em R$ 7 milhões, no município.
“O pastor Arilton chegou na minha mesa e me abordou de uma forma muito abrupta e direta: ‘Olha prefeito, vi que no seu ofício o senhor pede a escola de 12 salas. Essa escola deve custar uns R$ 7 milhões. Mas é o seguinte, eu preciso de R$ 15 mil na minha mão hoje, você faz a transferência para a minha conta. Para depois não cola comigo, porque vocês políticos. São um bando de malandros, que não tem palavra’. Aquilo me deu ânsia de vômito”, disse o prefeito.
O prefeito de Boa Esperança do Sul, em São Paulo, José Manoel de Souza (PP), também denunciou a suposta propina cobrada pelos pastores. Ele relatou que foi cobrado um valor de R$ 40 mil. “O pastor Arilton me disse: ‘Prefeito, você sabe muito bem como funciona, né? Não dá pra ajudar todos os municípios, mas eu consigo te ajudar com uma escola profissionalizante. Eu faço um ofício agora, eu coloco no sistema e, em contrapartida, você deposita R$ 40 mil na conta da igreja evangélica’”, relata. “Eu então bati nas costas dele [Arilton] e falei que para mim não serviria”, completou.
Com informações da Agência Brasil*
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