O senador e ex-candidato ao governo de Sergipe, Rogério Carvalho (PT), usou as redes sociais, nesta quinta-feira (12), para denunciar um suposto fim do Centro de Criatividade, localizado em Aracaju, mas de propriedade do governo estadual. Para ele, o governo de Sergipe desrespeita os quilombolas uma vez que cede o espaço, que integra a comunidade Maloca, à prefeitura que quer transformá-lo em um espaço de tecnologia e empreendedorismo.

“Centro de Criatividade foi entregue pelo Governo do Estado para virar um espaço voltado para tecnologia e empreendedorismo. A grande questão é que, por lei, o equipamento faz parte do segundo quilombo urbano do país, a Maloca, e a comunidade precisa ser informada e precisa ser ouvida. Descumprir essa determinação é promover um apagamento da cultura negra em nosso território”, lamenta o senador.

O pedido, por meio de ofício feito pelo prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), aconteceu no dia 6 de julho, mas o processo só foi avaliado na última semana de governo de Belivaldo Chagas (PSD). Deputados estaduais aprovaram a Lei 9.141/2022 e autorizaram o Poder Executivo a ceder o prédio do Centro de Criatividade.

“A luta antirracista e pelo direito aos territórios ganha força no governo Lula. Na contramão, o governo de Sergipe faz cessão do Centro de Criatividade, terreno quilombola, sem qualquer explicação. Por lei, deveria haver uma consulta pública”, salienta o senador, afirmando que vai intervir para evitar que a decisão do governador Fábio Mitidieri seja concretizada. “Vamos intervir e impedir tais medidas tiranas”, escreveu Carvalho.

A nível estadual, a deputada estadual Linda Brasil (PSOL) também rechaçou a situação. “ABSURDO! O Governo de Sergipe, que não vem colocando a cultura como prioridade na gestão estadual, quer acabar com o Centro de Criatividade. No apagar das luzes, sem qualquer diálogo com a comunidade, autorizou a cessão do prédio do Centro de Criatividade à Prefeitura de Aracaju. O Governo não pode acabar arbitrariamente assim com um espaço tão importante. Vamos lutar pela valorização da cultura, da arte e contra o sucateamento de espaços que beneficiam principalmente a juventude negra da periferia!”.

O prédio foi criado em 1985 pelo governador João Alves Filho, no bairro Cirurgia, Zona Sul da capital, e abriga uma série de ações interdisciplinares e multiculturais.