O índice de mortalidade de pacientes diagnosticados com covid-19 internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) da rede pública é o dobro se comparado às unidades de saúde particulares. O levantamento foi divulgado pelo projeto UTIs Brasileiras, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib). As informações foram publicadas pela revista Época neste sábado (27).

Segundo a publicação, os dados foram colhidos de 13.941 pacientes, a maioria deles estavam internados em hospitais particulares. A taxa de mortalidade nos leitos públicos foi de 38,4%, enquanto que nas UTIs da rede privada o índice registrado foi de 19,5%. O levantamento incluiu informações entre 1 de março e 15 de maio de mais de 94 mil internados.

“Uma das explicações para o resultado maior de mortalidade na rede pública é o fato de os pacientes estarem chegando mais tarde no sistema, com o quadro clínico mais avançado e deteriorado. Além disso, outra possível explicação é que o SUS recebe a grande maioria dos casos, isso significa um sistema trabalhando no limite ou em colapso. Dessa maneira, a qualidade do atendimento acaba comprometida”, avaliou a diretora presidente da Amib, Suzana Lobo.

No entanto, quando se refere aos pacientes em estado mais grave o cenário se modifica. A taxa de mortalidade nestes casos praticamente se iguala. As UTIs privadas registram 63,6% e 70,5% nas públicas.

“Um ponto muito importante nesse cenário é a curva de aprendizado que os profissionais de saúde no Brasil tiveram a oportunidade de ter. Tivemos sorte de podermos olhar dados da China, Europa e Estados Unidos para entender melhor como tratar esses pacientes. As UTIs lá registraram mortalidade de 80 a 90% e no Brasil nossa taxa está caindo”, destacou.