Saúde
Grupo de brasileiras já ajudou 1.700 mulheres a abortarem legalmente no Brasil e no exterior
Um grupo de brasileiras vem ajudando pessoas a realizar abortos legais no Brasil ou viajando para o exterior. Segundo o portal UOL, o grupo Milhas Pela Vida Das Mulheres foi fundado pela roteirista e diretora audiovisual Juliana Reis em setembro de 2019, e já auxiliou 1.700 mulheres que buscaram interromper suas gestações.
Destas, 214 tiveram pelo grupo viagens viabilizadas dentro ou fora do Brasil. Países como Argentina, Colômbia e México estão na rota. Os auxílios vão desde conselhos de onde realizar o procedimento e acompanhamento de viagens, até pagamento de custos com passagens e estadias. Os gastos são cobertos por doações.
Ao UOL, Juliana Reis contou que a ideia surgiu em 2017, com o caso de Rebeca Mendes Silva Leite. Ela pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para abortar legalmente, uma vez que não tinha condições emocionais e financeiras para ter um filho. O caso foi negado, e Rebeca realizou o procedimento na Colômbia.
“Foi o primeiro aborto fora do armário do país. Pela primeira vez, falou-se do assunto não pela coragem de uma mulher famosa que conta o que fez há 15 anos, mas é como se aquele aborto estivesse acontecendo ao vivo e a cores. Isso me tocou demais”. Na época, ela publicou em seu Facebook “Quem toparia doar milhas para ajudar outras mulheres a fazer aborto legal na Colômbia?”, e recebeu cinco likes.
Segundo ela, “Em maio de 2019, li uma outra notícia sobre uma mulher que queria abortar e fiz outro post, mas dessa vez com 5.000 likes e 1.200 ofertas de milhas. A diferença de um momento para o outro é que estão baixando o nosso teto”, referindo-se às mudanças de regras promovidas pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido).
O projeto começou a se organizar colhendo milhas oferecidas por doadores. Em seguida, passou a receber ajuda financeira por meio de sites, além de artistas e estilistas que doam valores de obras e criações. A mulher preenche um formulário falando sobre seu perfil e sua gravidez, e a ajuda de custos varia com cada situação.
Até agora já foram 214 mulheres auxiliadas, sendo 138 dentro do Brasil. Contando além do suporte financeiro e abrangendo apoio e informações sobre onde abortar, já foram mais de 1.700 pedidos de ajuda. Só até 12 de janeiro de 2021, segundo a matéria, foram 106 solicitações.
Com a recente legalização do aborto na Argentina, ao final de 2020, a ideia do grupo é fretar ônibus para mulheres ao país vizinho. “Ainda não provamos esse exercício pleno da legalidade argentina. Mas já estamos preparando uma operação que não será milhas, mas quilômetros pela vida das mulheres. Vamos organizar viagens de ônibus, pegá-las em suas cidades e viajar para lá”, afirma Juliana.
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