O recente surto de cólera registrado no Haiti, os casos de varíola dos macacos, as infecções por covid-19 e as baixas taxas de vacinação contra a poliomielite são as quatro emergências sanitárias que ameaçam a região das Américas. O alerta foi feito pela diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne.

“Nossa região está sob pressão”, disse ela, ao convocar os países para que “trabalhem rapidamente com as ferramentas que têm à mão” numa tentativa de controlar o cenário. “Emergências sanitárias paralelas e ambientes sociais, políticos e naturais frágeis ilustram a importância de investir e fortalecer os sistemas de saúde”, acrescentou.

Dados da Opas mostram mais de 45 mil casos de varíola dos macacos relatados nas Américas, o que representa 63% do total registrados em todo o mundo. Cerca de 95% das infecções são em homens. Apenas na semana passada, foram contabilizados 2,3 mil novos casos na região, sobretudo nos Estados Unidos, Brasil, Colômbia e México. A organização já começou a distribuir vacinas contra a doença nas regiões.

Já com relação à cólera, depois de mais de três anos, o Haiti relatou, na semana passada, um surto da doença. Até o último domingo (9), o país havia confirmado 32 casos e 18 mortes, além de 260 casos suspeitos na região da capital, Porto Príncipe. De acordo com a Opas, é provável que as contaminações sejam mais numerosas que os dados oficiais, visto que “a escalada da violência nas ruas e a atividade criminosa limitam o acesso e a mobilidade nas áreas afetadas”.

O órgão também alerta para a covid-19. A diretora da Opas avaliou que a tendência de queda nos casos de covid-19 em todo o mundo, inclusive nas Américas, mostra uma possível transição da fase aguda da pandemia para uma fase de controle sustentado. Na semana passada, a região registrou 178 mil novos casos da doença.

Por fim, a diretora fez um novo apelo aos países que aumentem a cobertura vacinal contra a pólio e a vigilância em relação à doença. Segundo ela, quatro países das Américas, Brasil, República Dominicana, Haiti e Peru, estão classificados como “em risco muito alto” de sofrer um surto da doença, enquanto oito nações são consideradas “de alto risco”.

“A pólio, uma doença para a qual não há cura ou tratamento, deve tornar-se uma coisa do passado”, frisou a diretora da Opas. “Com vacinas eficazes e décadas de experiência em imunização, temos o poder de mantê-la a distância”, concluiu.