Economia


Brasileiros pagam R$ 224 milhões para manter os Correios


Publicado 24 de novembro de 2020 às 13:41     Por Fernanda Sales     Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para poder continuar operando, os Correios recebeu aportes do Tesouro, oriundo no dinheiro público, no valor de 224 milhões de reais nos últimos dois anos. A estatal vem tendo prejuízos por três anos consecutivos, de 2015 e 2017 e precisou também contrair operações de crédito de 750 milhões de reais junto ao Banco do Brasil e consumir aplicações financeiras, para cobrir o rombo nas contas.

As informações foram divulgadas pela revista Exame, que divulgou o relatório inédito da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), do Ministério da Economia. O estudo faz parte do conjunto de esforços para a privatização dos Correios, que deve acontecer no início de 2022.

O levantamento revela que em 2018 e  2019 a receita gerada pela empresa, que voltou a entrar no azul, não foi suficiente para saldar as parcelas de empréstimos e financiamentos contraídos entre 2015 e 2017, quando os Correios acumularam um prejuízo de 5,5 bilhões de reais.

Segundo o Ministério da Economia, hoje os Correios possuem uma capacidade limitada do pagamento de suas obrigações de curto e longo prazo, o que potencialmente a coloca como uma das estatais que correm o risco de se tornarem dependentes do Tesouro. Quando isso acontece, a União passa a bancar os custos totais da empresa, que são contabilizados no teto de gastos.

O relatório mostra ainda que o custo de serviços e produtos dos Correios é elevado, sendo equivalente a 85,18% do total da venda líquida.

De acordo com a publicação, tanto o endividamento geral, referente à proporção do ativo comprometida com o pagamento de dívidas, como o de curto prazo aumentaram entre 2015 a 2019. Atualmente, o endividamento geral chega a 98,7% e o de curto prazo, a 33,25%. A liquidez geral, que diz respeito à capacidade de honrar as obrigações financeiras totais, é hoje de apenas 0,44%, 18 pontos percentuais menor do que em 2015.

A análise da Siest aponta que o passivo dos Correios chega hoje a 14 bilhões de reais. Quase a metade da dívida corresponde a pendências financeiras com o fundo de pensão dos funcionários, o Postalis, e o plano de saúde da empresa.

Já foi dado início ao processo de desestatização da empresa. No dia 10 de outubro, o projeto de lei que acaba com o monopólio dos Correios sobre o serviço postal foi enviado para apreciação da Secretaria-Geral da Presidência da República e da Casa Civil. A expectativa é que seja enviado ainda neste ano para o Congresso.

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