Economia
Brasileiros pagam R$ 224 milhões para manter os Correios
Para poder continuar operando, os Correios recebeu aportes do Tesouro, oriundo no dinheiro público, no valor de 224 milhões de reais nos últimos dois anos. A estatal vem tendo prejuízos por três anos consecutivos, de 2015 e 2017 e precisou também contrair operações de crédito de 750 milhões de reais junto ao Banco do Brasil e consumir aplicações financeiras, para cobrir o rombo nas contas.
As informações foram divulgadas pela revista Exame, que divulgou o relatório inédito da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), do Ministério da Economia. O estudo faz parte do conjunto de esforços para a privatização dos Correios, que deve acontecer no início de 2022.
O levantamento revela que em 2018 e 2019 a receita gerada pela empresa, que voltou a entrar no azul, não foi suficiente para saldar as parcelas de empréstimos e financiamentos contraídos entre 2015 e 2017, quando os Correios acumularam um prejuízo de 5,5 bilhões de reais.
Segundo o Ministério da Economia, hoje os Correios possuem uma capacidade limitada do pagamento de suas obrigações de curto e longo prazo, o que potencialmente a coloca como uma das estatais que correm o risco de se tornarem dependentes do Tesouro. Quando isso acontece, a União passa a bancar os custos totais da empresa, que são contabilizados no teto de gastos.
O relatório mostra ainda que o custo de serviços e produtos dos Correios é elevado, sendo equivalente a 85,18% do total da venda líquida.
De acordo com a publicação, tanto o endividamento geral, referente à proporção do ativo comprometida com o pagamento de dívidas, como o de curto prazo aumentaram entre 2015 a 2019. Atualmente, o endividamento geral chega a 98,7% e o de curto prazo, a 33,25%. A liquidez geral, que diz respeito à capacidade de honrar as obrigações financeiras totais, é hoje de apenas 0,44%, 18 pontos percentuais menor do que em 2015.
A análise da Siest aponta que o passivo dos Correios chega hoje a 14 bilhões de reais. Quase a metade da dívida corresponde a pendências financeiras com o fundo de pensão dos funcionários, o Postalis, e o plano de saúde da empresa.
Já foi dado início ao processo de desestatização da empresa. No dia 10 de outubro, o projeto de lei que acaba com o monopólio dos Correios sobre o serviço postal foi enviado para apreciação da Secretaria-Geral da Presidência da República e da Casa Civil. A expectativa é que seja enviado ainda neste ano para o Congresso.
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