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Eleições 2020: Centrão cresce, PT encolhe e PSol surpreende na disputa eleitoral
Apesar das eleições deste ano serem marcadas pela pandemia do novo coronavírus, muitas mudanças no cenário político do país foram identificadas já no primeiro turno das eleições municipais. O PSol e o PDT ganharam força junto à esquerda, com o PT enfraquecido. Já o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus aliados tiveram resultados abaixo do esperado, com diminuição do apelo da chamada “antipolítica”. A novidade nessas eleições foi para o bloco de partidos de centro, que surgiu como uma alternativa à polarização desenfreada de 2018, com destaque para o DEM, que elegeu três prefeitos de capitais em primeiro turno. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (16) pelo site Metrópoles.
Segundo o jornal, uma das principais siglas de centro-direita do país, o Democratas (DEM) venceu em 3 das 25 capitais em que houve votação neste domingo (15). Logo atrás, empataram o PSDB e o PSD, ambos com duas vitórias confirmadas.
Com relação ao segundo turno, o MDB é a sigla que mais vai disputar prefeituras nas 18 capitais com votação a ser definida no próximo dia 29. São 7 cidades em que o partido é uma das duas opções dos eleitores.
Na contramão, o Partido dos Trabalhadores está em apenas duas disputas: em Recife e Vitória. O número é bem distante da realidade de 2016, quando o partido levou 7 candidatos para a definição em segundo turno. Apesar disso, o partido elegeu, em 2016, apenas um prefeito nas 100 cidades mais populosas do país. Agora, o PT está na disputa em 15 desses municípios: além das duas capitais, vai concorrer às prefeituras de Guarulhos (SP) e São Gonçalo (RJ).
Já em São Paulo (SP), o candidato Guilherme Boulos (PSol) surgiu como o grande nome da esquerda nestas eleições e vai disputar o segundo turno contra o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB). Apoiado por Bolsonaro, o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) despencou nos últimos dias, conforme pesquisas de intenções de votos, e nesse domingo (15), ocupou o quarto lugar, com pouco mais de 10% dos votos válidos.
O candidato do (DEM) Eduardo Paes, no Rio de Janeiro (RJ), vai ao segundo turno contra o atual prefeito da cidade, Marcelo Crivella (Republicanos). Primos, João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) travam a batalha pela prefeitura de Recife (PE), e, em Porto Alegre (RS), Manuela D’Ávila (PCdoB) conquistou 29% dos votos e vai ao segundo turno contra Sebastião Melo (MDB).
Manutenção de políticos
Em entrevista ao Metrópoles, o doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP) Humberto Dantas, afirmou que eleitor brasileiro fugiu da polarização política e preferiu candidatos com ideologias políticas mais ao centro. “Onde não há manutenção do mesmo grupo no poder, temos o retorno de gestões anteriores. Existe uma percepção de parcelas consolidadas de olhar para trás e dizer: ‘Essa gestão parece razoável de voltar’. Avalio que é um bom cenário de manutenção de políticos consagrados nas urnas e no poder”, explicou.
Já para o professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília (ICS-UnB) Ricardo Caldas, o bom desempenho de figuras conhecidas da política nacional resulta, também, das dificuldades de campanha que tiveram os candidatos novatos concorrentes ao pleito.
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