Justiça


Vale oferece R$ 33 bilhões a menos de indenização por tragédia de Brumadinho


Publicado 21 de novembro de 2020 às 18:41     Por Fernanda Sales     Foto Divulgação / Corpo de Bombeiros de Minas Gerais

A Vale quer pagar R$ 33 bilhões a menos em acordo para indenização por prejuízos provocados pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. A ação movida na Justiça pelo poder público pede R$ 54 bilhões, no entanto, a mineradora oferece R$ 21 bilhões, conforme informações do secretário-geral de Estado, Mateus Simões, em entrevista à revista Época neste sábado (21).

Segundo a revista, inicialmente, o acordo era negociado entre o Executivo mineiro e a mineradora sem a participação das vítimas da tragédia. A barragem em Brumadinho se rompeu em 25 de janeiro de 2019 e matou 272 pessoas. Onze corpos continuam desaparecidos.

A ação é movida pelo governo do estado, Defensoria Pública e Ministério Público, e envolve ressarcimento por perdas tributárias, destruição de infraestrutura e danos morais coletivos, mas não estão incluídas no processo as indenizações pessoais. Dos R$ 54 bilhões, R$ 26 bilhões são para indenização do estado e R$ 28 bilhões para danos morais coletivos e sociais. A proposta da Vale de pagar R$ 21 bilhões foi recusada em audiência de conciliação realizada na última terça-feira, 17, no Tribunal de Justiça Minas. Uma nova sessão será realizada provavelmente em dezembro.

“Não faz nenhum sentido. O Estado perdeu R$ 10 bilhões só em arrecadação”, disse o secretário Simões, sobre a proposta da Vale. O representante do governo de Romeu Zema (Novo) afirmou que projetos para aplicação dos recursos já estão prontos, mas que haverá debate com os atingidos para destinação dos recursos. Uma das iniciativas prevê R$ 1,5 bilhão para reconstrução do sistema de fornecimento de água e esgoto para cidades ao longo do Rio Paraopeba, atingido pela lama que desceu da barragem.

De acordo com a publicação, o Estado pretende ainda construir com os recursos um rodoanel, ligando Brumadinho a Sabará, contornando, portanto, cidades como Betim, Contagem e Belo Horizonte, fazendo a ligação até a BR 381, na saída para Vitória, no Espírito Santo.

Simões ressaltou que tudo o que será feito terá como alvo a população atingida pela barragem. No caso do rodoanel, conforme o secretário, 40% do percurso previsto está na calha do Paraopeba. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) alegou à revista que as vítimas do rompimento não participam das negociações e não estão sendo consultadas sobre o que será feito com os recursos, caso o acordo seja fechado.

A Vale emitiu nota dizendo que “permanece empenhada em reparar, integralmente, os danos causados pelo rompimento da barragem de Brumadinho. O acordo entre a empresa, o Governo de Minas e as instituições de Justiça segue em negociação no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania, órgão de mediação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ainda não há definição de valores para um eventual acordo”, afirmou a mineradora.

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