Saúde
Ministério da Saúde ignorou parecer interno para compra de seringas com frete mais barato, diz jornal
O Ministério da Saúde ignorou um parecer interno que recomendava a compra de seringas pelo frete mais barato, por via aérea, para garantir insumos suficientes a tempo da vacinação contra a covid-19 no Brasil. Segundo o jornal O Globo, durante negociação com a Organização Panamericana da Saúde (Opas), a secretaria executiva do ministério ignorou pedidos do próprio Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis.
O Departamento teria defendido a compra com entrega por avião, mesmo que com preço maior, justificando que o mercado nacional poderia não suprir as demandas. Porém, mesmo com a demora na entrega, a pasta optou pela entrega por via marítima, mais demorada.
Segundo O Globo, documentos do Ministério da Saúde mostram que a previsão de chegada da primeira remessa de seringas via mar é em 25 de janeiro, com apenas 1,9 milhão de unidades. A entrega seguinte seria apenas em março. Caso a opção fosse pela via aérea, 20 milhões de seringas já teriam chegado ao Brasil em dezembro de 2020.
Em setembro de 2020, o Departamento de Imunização do ministério sugeriu a continuidade da negociação com a Opas. Segundo o documento, a indústria brasileira estava com dificuldades em fornecer a quantidade necessária de insumos para imunização em curto espaço de tempo. Mas em outubro, a secretaria executiva da Saúde questionou os preços da aquisição por avião e determinou nova cotação.
“Levando em consideração a cotação do dólar no dia de hoje, de R$ 5,62 (cinco reais e sessenta e dois centavos), o preço da possível contratação via OPAS apresenta uma diferença de mais de 250% em comparação ao maior preço da pesquisa preliminar do SRP e de cerca de 500% superior ao menor preço da mesma pesquisa, em cada unidade de seringa/agulha”, dizia o documento da Saúde.
O Sistema de Registro de Preço foi o pregão que falhou em dezembro, quando a pasta tentou adquirir mais de 330 milhões de seringas e conseguiu apenas 7,9 milhões. A Opas informou ao governo que havia dinheiro suficiente para compra, afirmando que o Brasil “tem aproximadamente US$ 3,1 milhões na conta do Fundo Rotatório, além da linha de crédito que poderá ser disponibilizada para o país”.
Cerca de um mês após tal carta da Opas, segundo O Globo, o ministério expôs sua aposta na vacina apenas em 2021. A pasta disse que “houve informação que a referida vacina chegará ao Brasil somente no primeiro trimestre de 2021. […] A opção de modal marítimo se mostra, de forma geral, como uma opção mais econômica para o envio de cargas no comércio internacional”.
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