Esporte


Sergipano medalhista de ouro de halterofilismo critica falta de apoio governamental: “Poderia ir mais longe”


Publicado 14 de abril de 2022 às 15:30     Por Fernanda Souto     Foto Reprodução/ Instagram

O medalhista de ouro de halterofilismo, Jonason Lacerda, é mais um exemplo de atleta que, mesmo sem incentivo das gestões locais, conquista cada vez mais espaço no cenário esportivo. No último sábado (9), por exemplo, o sergipano subiu ao topo do pódio na 1ª Fase Nacional do Circuito Paralímpico Loterias Caixa, após levantar 203kg na barra, batendo o recorde anterior da categoria que era de 200kg.

Ao Esportes em Jogo, o atleta afirmou que o principal apoio que recebe é das pessoas mais próximas. “Quem mais apoia o projeto é o nosso técnico e fundador do projeto, o Prof. Dr. Felipe Aidar. O professor muitas vezes tira dinheiro do próprio bolso para custear equipamentos e despesas da equipe”, disse.

“Já procurei por diversas vezes ajuda em esfera municipal (Aracaju) e estadual para nos ajudar ao menos nas custas das passagens, mas foi sem sucesso”, afirmou.

De acordo com o atleta, ele recebe o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que cede o espaço, profissionais e transporte para algumas competições. “Agradeço demais a UFS por nos apoiar, seria impossível eu estar no alto rendimento se não houvesse a UFS e o Professor Felipe”, frisou Jonason. Para o sergipano, se ele recebesse apoio governamental, tanto municipal como estadual, poderia “ir ainda mais longe”.

Trajetória
O atleta começou no esporte em 2016 na UFS, logo depois da recuperação das sequelas do acidente motociclístico que sofreu em 2015.

“Iniciei com o intuito de uma motivação, na verdade, uma reinserção social. Gostei do ambiente por ter várias pessoas com deficiência e logo após uns 3 meses de treinamento fui a um campeonato, consegui levantar 80kg e saí muito feliz de lá. A partir desse dia até hoje me dedico com todas as forças no esporte, porém a primeira medalha veio só em 2018, um 3° lugar. Contudo, continuei treinando, mesmo na pandemia, comprei equipamentos e treinei em casa, até que voltaram os treino na UFS no final do ano passado”, detalhou.

Antes da pandemia da covid-19, a melhor marca de Jonason havia sido com 175kg, em março de 2020, em Recife. Ele conseguiu quebrar o recorde da categoria com 203kg em São Paulo.

Dificuldades
Como o halterofilismo exige dedicação, para o atleta, a maior dificuldade é conciliar o dia a dia de pai, esposo e estudante de odontologia com os treinos. “Mas com um jeitinho conseguimos”.

Visibilidade
Quando questionado sobre a falta de visibilidade dos paratletas no cenário esportivo local, Jonason afirmou que “melhorou um pouco de quando entrei até hoje”.

“Porém, existe um capacitismo que ronda o meio das pessoas com deficiência, e o pior é que as vezes parte do próprio PCD. Uma parte das pessoas nos enxergam como coitados, nunca gostei de ser visto assim, nós somos capazes de fazer oq quisermos. No esporte não é diferente, afinal treinamos pra isso. Pra isso mudar precisamos mudar como nos vemos primeiro pra depois às pessoas nos reconhecerem como pessoas e não pela dEficiência que temos”, disse.

“Tenho um sonho de inspirar pessoas com deficiência (PCD) e conseguir tirá-las de casa, existem muitos que não conhecem o esporte ainda e o esporte me transformou”, frisou o atleta.

 

 



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