Polícia


Desembargadora da Bahia é presa preventivamente por envolvimento na Operação Faroeste


Publicado 20 de dezembro de 2020 às 16:42     Por Fernanda Sales     Foto Antonio Augusto / Procuradoria Geral da República

A desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), Ligia Cunha, foi presa preventivamente na manhã deste domingo (20), após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acatar pedido do Ministério Público Federal (MPF). Ela é investigada na Operação Faroeste, que apura a venda de sentenças para legalização de terras no Oeste da Bahia.

Segundo o Ministério Público, a magistrada foi um dos alvos das medidas deflagradas na última segunda-feira (14) e teve a prisão temporária convertida em preventiva após pedido da subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo. A mesma providência foi requerida em relação à desembargadora Ilona Reis.

De acordo com o pedido do MPF, enviado na sexta-feira (18), a hipótese criminal apurada é a de que as desembargadoras criaram organizações criminosas especializadas em vendas de decisões e lavagem de ativos, com atuação nos conflitos de terras do Oeste baiano e outras regiões. As magistradas contavam com a ajuda de advogados.

Lígia Cunha tinha o auxílio dos filhos Arthur e Rui Barata. As investigações apontam a atuação direta de Lígia em quatro processos e tráfico de influência em outro. Pela atuação, ela recebeu R$ 950 mil. Já a organização criminosa de Ilona Reis operou em três processos. Ela recebeu o valor de R$ 300 mil pela relatoria de dois deles, e a promessa do pagamento de mais R$ 500 mil pelo outro.

Para justificar o pedido de conversão da prisão temporária em preventiva, o MPF descreveu o esquema criminoso e apresenta provas da participação das duas desembargadoras.

Para o órgão, Lígia Cunha intimidou uma servidora do TJBA e a obrigou a apagar informações sobre processos da máquina de outro servidor do tribunal para que não a comprometesse.

Também são citadas movimentações financeiras suspeitas nas contas de Ilona Reis, sendo algumas delas, totalizando R$ 122 mil em 4 de outubro de 2019, quando, segundo as investigações, a desembargadora teria recebido R$ 250 mil para atuar em um processo cuja decisão foi redigida por outro integrante da orcrim. Foram feitos vários depósitos em espécie e transferência eletrônica. Além disso, foram encontrados arquivos no computador de Ilona com peças processuais produzidas por seu operador e um carro com placa policial adulterada em seu poder que, segundo o MPF, estampa sua estratégia para transitar livremente sem ser rastreada.

Com a desembargadora Lígia Cunha foram encontrados vários documentos relativos à Operação Faroeste, e outros com anotações e valores associados aos seus filhos e também com nomes de algumas autoridades do Judiciário e do Ministério Público da Bahia.

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