Política


Bolsonaro se irrita com plano de demissão voluntária e ameaça demitir presidente do Banco do Brasil


Publicado 14 de janeiro de 2021 às 11:21     Por Fernanda Sales     Foto Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se irritou com o anúncio do plano de demissão voluntária do Banco do Brasil (BB), o que pode desencadear um processo de possível demissão do presidente da instituição, André Brandão. De acordo com a Folha de São Paulo, caso a demissão seja confirmada, Brandão sairá do comando do banco menos de quatro meses após sua posse.

De acordo com a publicação, o ministro da Economia, Paulo Guedes, considera o executivo preparado para ocupar o cargo e trabalhava nesta quarta-feira (13) para acalmar Bolsonaro e evitar a demissão. Segundo o site, um auxiliar do Palácio do Planalto informou que Guedes concorda com a essência do plano de ajuste apresentado pelo banco.

Membros da equipe econômica relataram que o anúncio da reestruturação do banco, que inclui demissões de funcionários, foi a causa da fúria no Palácio do Planalto.

Na segunda-feira (11), o Banco do Brasil informou ter aprovado um conjunto de medidas que diminuem sua estrutura organizacional, com fechamento de pontos de atendimento. Serão encerradas 361 unidades, sendo 112 agências.

Também foram criadas pelo banco duas modalidades de desligamento incentivado voluntário aos funcionários. O Programa de Adequação de Quadros, para redistribuir força de trabalho, e o Programa de Desligamento Extraordinário, disponível a todos os funcionários do BB que atenderem a pré-requisitos. A estimativa do BB é que cerca de 5 mil funcionários façam adesão aos dois programas.

O argumento é que o país passa por uma situação muito complicada na área de emprego, ainda sem sinais de arrefecimento da pandemia do novo coronavírus. Por isso, o anúncio do BB foi visto como um sinal de falta de sensibilidade do presidente André Brandão.

Membros do Ministério da Economia afirmam que informações sobre o Banco do Brasil geram apelo no Congresso e, por isso, o programa de demissões pode ser jogado contra o governo nas negociações para a eleição da cúpula do Legislativo.

No mesmo dia, a Ford anunciou que fechará todas as suas unidades fabris no Brasil, o que deve ter impacto direto sobre 5 mil empregos.

Na equipe econômica, há ainda uma tensão relacionada à busca por um novo nome para comandar o BB caso Brandão seja demitido. Além da dificuldade de encontrar um executivo com condições de assumir o posto, há um temor sobre possíveis indicações políticas. Membros da pasta não aceitam, por exemplo, que seja empossado algum nome sem preparo eventualmente indicado pelo centrão, grupo de partidos de centro que se aproximou do governo.

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