Política


Governo Bolsonaro cria cadastro para repasse de recursos a entidades religiosas


Publicado 27 de janeiro de 2021 às 10:00     Por Fernanda Sales     Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criou o Cadastro Nacional das Organizações Religiosas com o objetivo de montar um banco de dados com contatos de líderes religiosos e entidades aptas a receber recursos federais. De acordo com a reportagem do Estadão, os grupos religiosos irão executar ações em parceria com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves.

Segundo a reportagem, a ideia é investir em um “censo” das igrejas para se aproximar de potenciais eleitores. A articulação ocorre no momento em que Bolsonaro, candidato a novo mandato, em 2022, enfrenta críticas na condução da pandemia de covid-19 e crescem as mobilizações por seu impeachment.

Religiosos críticos ao governo protocolaram pedidos de afastamento do presidente nesta terça-feira (26), faltando seis dias das eleições da presidência da Câmara e do Senado, em 1º de fevereiro.

A aproximação com as igrejas também é considerada fundamental por Bolsonaro para angariar votos de bancadas religiosas a favor do deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), líder do Centrão. Lira vai disputar a cadeira do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e tem como principal rival o deputado Baleia Rossi (MDB-SP).

Publicada no Diário Oficial da União na sexta-feira (22), a portaria que criou o cadastro nacional afirma que as informações serão usadas com “respeito à dignidade das organizações religiosas e suas lideranças”. Trata-se, segundo o governo, de um registro complementar aos dados sobre religião coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a publicação, a ministra Damares, que é pastora evangélica da Igreja Batista da Lagoinha, apresentou a ideia como “uma ferramenta para selar a parceria entre Estado e igrejas em ações sociais”. O objetivo, segundo o ministério, é criar um cadastro de organizações religiosas que “colaboram ou (…) estejam interessadas em colaborar com o atendimento de públicos vulneráveis e em forças-tarefa de socorro às vítimas de situações de emergência ou de calamidade pública”.

Atualmente, o governo tem parceria com entidades de perfil religioso em várias ações. Há repasses de recursos, por exemplo, para programas como o Pátria Voluntária, presidido pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, que já prestigiou entidades ligadas a Damares para distribuição de alimentos, cestas básicas e material de limpeza.

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