Política

‘Nova política ficou velha cedo demais’, avalia presidente do DEM

Publicado 30 de novembro de 2020 às 08:24 Por Fernanda Sales Foto Divulgação / Instagram ACM Neto

O presidente nacional do DEM, o prefeito de Salvador ACM Neto, avaliou que “a tal da nova política ficou velha muito rápido” e afirmou que a esquerda perdeu completamente o discurso. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo neste domingo (29), após o resultado das eleições municipais no segundo turno, o gestor também falou sobre o desempenho da sua sigla, que segundo ele, avançou em 74% no número de prefeitos eleitos neste ano em relação a 2016.

Neto atribui o resultado a um preparo da legenda, que investiu nas bases, e ao contexto político. Para ele, o eleitorado rejeitou radicalismos. “Foram 464 gestores escolhidos, 198 a mais do que no último pleito, o que coloca a sigla como a quinta que mais comanda municípios no país”, disse Neto, que fez seu sucessor em Salvador, Bruno Reis (DEM), seu vice.

O prefeito disse ainda que seu objetivo é fazer do DEM o partido mais relevante de 2022, mas não cravou apoio a nenhum candidato e elogiou o apresentador Luciano Huck, afirmando que a única certeza é que partido não embarcará em “extremos”. Apesar disso, o cacique do DEM refuta a discussão sobre campos ideológicos. “É babaquice, é bobagem a gente estar nessa coisa de direita, de esquerda, de centro. O eleitor não está nem aí para isso”, acrescentou.
Questionado durante a entrevista se Moro pode ajudar o país, o democrata afirmou que “Moro é uma pessoa que teve trajetória importante até aqui. Tem que ser respeitado e pode contribuir com o Brasil, sim. Não sei se vai ser candidato”.

Indagado pela Folha se apoiaria Maia, que falou se considerar de extrema direita, ACM reforça que não o qualifica como extremo. “Eu não estou qualificando o Bolsonaro, não vou qualificar ninguém. O eleitor, a pessoa que decide, principalmente quem está desempregada, que vive problemas econômicos e sociais neste país, não querem saber se o cara é de direita, de esquerda ou de centro”.

ACM Neto ressaltou ainda que acha muito difícil o DEM apoiar Arthur Lira para a presidência da Câmara. “Eu não sei se ele vai conseguir assegurar a independência e a condução equilibrada que a Câmara dos Deputados precisa ter. Ele está se colocando como um candidato excessivamente governista e acho que o país precisa de uma condução do Legislativo moderada”, disse.

Por fim, o presidente do DEM falou que Boulos se torna um nome importante no campo das esquerdas e que a esquerda sai enfraquecida nesta eleição, principalmente o PT. “O resultado das urnas é um recado das ruas mostrando que a esquerda perdeu completamente o discurso e está carente de lideranças no país. O segundo turno confirma isso e é claro que dá ainda mais ânimo numa perspectiva futura de um projeto que não passe por um retorno às esquerdas”, finalizou.