Política


Participação de políticos negros não passa de 50% em nenhum partido do Congresso, diz jornal


Publicado 30 de agosto de 2020 às 10:42     Por Eduardo Costa     Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tomou uma importante decisão na última terça-feira (25). Foi definido que o dinheiro público que financia as campanhas deve ser dividido de proporcionalmente entre candidatos brancos e negros a partir de 2022. De acordo com levantamento do jornal O Estado de São Paulo, em 17 dos 24 partidos no Congresso, a participação de políticos autodeclarados negros ou pardos vai de zero a 41%.

O levantamento mostrou que, na maior parte dos partidos, negros ainda são minoria nas executivas nacionais, que comandam as direções e definem candidatos e verbas. O número é apenas uma pequena representação do Brasil: pretos e pardos ocupam apenas 29,9% de cargos de gerência em empresas, segundo a pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A representação do racismo estrutural também está presente na academia: segundo o Estadão, apenas 2,2% dos professores da Universidade de São Paulo (USP) são autodeclarados negros. No país, como um todo, 55,8% da população é negra.

Nas eleições de 2018, apenas 28,9% dos deputados estaduais e 24,4% dos federais se declararam negros ou partidos. Foi definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo o Estadão, que a divisão do fundo eleitoral e do tempo de propaganda deve ser proporcional aos candidatos negros de cada partido.

Ainda de acordo com a publicação, o partido com menos políticos negros participantes na Executiva Nacional é o Novo: nenhum dos seis dirigentes. Por outro lado, mais de 35% das Executivas de PDT, PSOL e Solidariedade é formada por negros. Avante, Cidadania, PL, Podemos, PSC, PSL e Republicanos não informaram seus dados.

Presidente nacional do secretariado de militância negra do PSDB, Gabriela Cruz falou ao Estadão de forma positiva sobre a decisão, lembrando do racismo ainda muito presente na sociedade brasileira e que acaba entrando na política.

“Temos um racismo estrutural e sistêmico. Os partidos políticos não estão de fora disso. Com mais negros no Parlamento, você tem mais negros nas executivas, que são formadas em sua maioria por parlamentares”, afirmou.

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