Polícia
‘Tentei tirar minha vida’, diz vítima de assédio sexual por membro da Igreja Quadrangular
Uma das vítimas de assédio sexual que denunciou religiosos e membros ligados à Igreja Quadrangular em Sergipe, relatou que após os assédios, tentou tirar a própria vida. “Numa manhã, eu acordei decidida a tirar minha vida, porque eu achava que a culpa era toda minha”, declarou em entrevista na manhã desta segunda-feira (22), à Fan FM.
Durante a entrevista, a vítima contou como começou a participar da igreja. “Eu e toda minha família fomos membros da igreja. Chegamos lá, gostamos da igreja, fomos muito bem recebidos. Em pouco tempo estávamos envolvidos em grupos, inclusive até com as lideranças e fomos com o intuito de servir a Deus. Com o passar do tempo, ficamos um pouco mais próximos da liderança, que na época era o pastor Lucas. O tempo foi passando e numa certa manhã recebi uma mensagem do pastor Lucas onde diria que iria mexer na minha mente, a priori eu não entendi, até questionei e ele falou que eu iria ver”, disse ela.
Segundo a vítima, as “investidas” iniciaram no período de 2015 e 2016. “Até aí nada de diferente, num domingo, após a santa ceia, estava na igreja com meu marido, isso no ano de 2015/2016 e ele pediu para falar comigo em seu escritório. Quando eu cheguei lá, ele abriu a calça e tirou a parte íntima dele e veio sobre a minha direção. Naquele momento eu não entendi nada, fiquei em estado de choque, sem entender o que estava acontecendo. Ele me obrigando a tocá-lo, eu dizendo que não queria, aí ele parou, abriu a porta e eu fui embora, sem falar uma palavra”.
Para a denunciante, a partir da primeira tentativa ela começou a ficar em choque ao ponto de se perguntar se tinha feito algo de errado. “Eu tinha ele e a família dele como exemplo de família, que são homens de Deus. As investidas continuaram e eu comecei a observar com outros olhos. […] Até que um dia ele me chamou para ir num motel e eu aceitei. Fui e caí feio. Não sei porque fiz isso, no mesmo dia estava desmoronando. Eu disse, vou pagar para ver e eu paguei para ver. Mantivemos relações sexuais ali e quando acabou saí chorando. Ele disse que eu era diferente das outras, porque as outras saíam felizes e eu saía chorando. Foi aí que comecei a pensar o que eu fiz na minha vida”, declarou a vítima, acrescentando que existia um relacionamento do pastor com uma outra pessoa, membro da igreja e que também era casada.
Ainda segundo a vítima, ela começou a se envolver mais com ele e entrou em depressão. “Entrei em depressão, comecei a não comer direito, emagrecer, e minha família começou a observar que tinha algo de errado comigo. E eu não sabia dizer aquilo, porque eu me deixei me levar, mas ele me manipulava. […] Até que numa manhã eu acordei decidida a tirar minha vida, porque eu achava que a culpa era toda minha. Eles são pastores de fachada, até o pai dele também fazia coisa errada e o filho acobertava. O altar só serve para beneficiar eles em algo”, denunciou.
Na última sexta-feira (19), os membros da igreja acusados de assédio foram denunciados ao Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) da Polícia Civil. A denúncia teria sido feita por uma organização que reuniu depoimentos de uma parte das supostas vítimas. Segundo a delegada Mariana Diniz, o caso é sigiloso e será instaurado um inquérito pela Delegacia de Atendimento à Mulher do DAGV para apuração a denúncia.
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