Educação


Conselho e professores reagem à intervenção na UFS: ‘parte do projeto bolsonarista’


Publicado 24 de novembro de 2020 às 08:13     Por Redação AjuNews     Foto Divulgação / UFS

A nomeação de uma interventora pelo Governo Jair Bolsonaro, por meio do Ministério da Educação (MEC), na Universidade Federal de Sergipe (UFS) contrariou membros do Conselho Departamental de Serviço Social da instituição e também professores da instituição.

Na segunda-feira (23), a professora doutora Liliádia Barreto, que pertence ao departamento de Serviço Social, foi nomeada para o cargo de reitora pro tempore. Com isso, foi afastado o professor Valter Joviano, que encabeçou a lista tríplice para a reitoria e ocupava o cargo de vice.

Segundo nota divulgada pelo Conselho Departamental de Serviço Social, a educadora assumiu “a vergonhosa posição de intervenção na Universidade Federal de Sergipe, como parte do projeto bolsonarista”.

Ainda de acordo com a nota, os representantes receberam a intervenção “com profunda indignação a indicação e o aceite da nomeação da referida professora e colega deste departamento, de modo que repudiamos o modo como se deu tal indicação, bem como o seu aceite”.

Para o Conselho, “a intervenção realiza-se como um golpe contra a tradição democrática de nossa instituição, e nos preocupa as consequências que dele pode derivar”.

Seguindo a mesma a linha, os membros acrescentaram que repudiam a intervenção e “projetos ideopolíticos individuais e/ou coletivos, afrontando o que esse coletivo de docentes e discentes defende enquanto princípios ético-políticos”.

Ainda nesta segunda, em Assembleia Geral, os professores “se posicionaram contra a intervenção e em defesa da autonomia e democracia universitária”. A categoria reivindica também “respeito aos resultados da Consulta Pública para a reitoria, realizada pelas entidades que representam a comunidade acadêmica da UFS”.

Também na Assembleia foi definido que a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (ADUFS) solicitará uma reunião com a reitora pró-tempore. Foi destacado que a postura não “não significa reconhecer a intervenção, mas ouvir da interventora nomeada pelo MEC se há disposição em formar uma lista tríplice respeitando a Consulta Pública ou se o desejo é implementar uma política desrespeitosa à comunidade acadêmica”.

De acordo com o presidente da ADUFS, professor Airton Paula Souza, “essa intervenção é consequência de uma postura autoritária do ex-reitor da universidade, que buscou deslegitimar todo o processo da consulta pública”.

O dirigente sindical lembrou que, por diversas vezes, houve denúncia ao método adotado pelo então reitor Angelo Antoniolli de tentar realizar um processo sucessório sem consulta aos professores, estudantes e servidores técnico-administrativos.

Currículo
Liliádia Barreto nasceu em Nilópolis, no Rio de Janeiro, e mora em Sergipe desde os 9 anos. Ela graduou-se em Serviço Social na UFS em 1993, e também fez mestrado em Educação, em 2003. É doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IMS/UERJ) e possui especialização em Ensino na Saúde pela Fiocruz/Ministério da Saúde (2015), e em Educação e gerenciamento participativo (1997).

Atuando como docente na Graduação em Serviço Social desde 1994, quando ingressou como professora substituta, atua como Tutora Acadêmica do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde e como vice-coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Ações para a Terceira Idade (Nupati).

Leia mais
Após MEC afastar interino, Liliádia da Silva toma posse na reitoria da UFS nesta terça (24)
MEC afasta professor Valter Joviano da reitoria da UFS e nomeia comando provisório
MEC pede que UFS esclareça supostas irregularidades na eleição para reitor



Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Leia os termos de uso