Cidades


Mudança na forma de pagamento coloca em risco função de cobradores nos coletivos em Aracaju


Publicado 16 de setembro de 2021 às 15:29     Por Dhenef Andrade e Peu Moraes     Foto Divulgação / SMTT

Um dos temores de rodoviários do transporte coletivo da Grande Aracaju pode se tornar realidade caso o Projeto de Lei 139/2021, proposto pelo vice-presidente da Câmara Municipal da capital, o vereador Vinicius Porto (PDT), passe pelo Legislativo e chegue a ser sancionado pelo prefeito Edvaldo Nogueira (PDT). A proposta é que o sistema de bilhetagem eletrônica passe a ser o meio oficial e obrigatório para pagamento da passagem no transporte coletivo.

A problemática reside de que com o meio eletrônico sendo a única forma de pagamento, a função do cobrador seria dispensada tendo em vista que o recebimento de dinheiro das passagens fundamenta sua presença nos veículos. A função, no entanto, já vem sendo apagada, em especial, com a chegada da crise sanitária da covid-19.

Alguns carros já operam somente com o motorista, que exerce as obrigações antes desempenhadas por cobradores. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Aracaju (Sinttra), Miguel Belarmino, em 2020, já havia sinalizado que a função estava sendo ‘extinta de forma abrupta’. Segundo o sindicato, 60% da frota rodava somente com um profissional.

Paralisações feitas por funcionários das empresas que compõem o sistema de transporte coletivo cobravam, entre outras demandas, cobravam a volta dos cobradores aos coletivos. Em fevereiro deste ano, rodoviários estacionaram os ônibus nas ruas de Aracaju e furaram pneus em protesto.

O texto enviado para apreciação da Casa é curto, com sete artigos e foca apenas na mudança da forma de pagamento da tarifa. Não há menção de dispositivos para contornar a crise dos trabalhadores envolvidos.

Como justificativa, o parlamentar insere que a diminuição do risco de contágio, diante da crise sanitária, e a modernização da forma de pagamento trará benefícios para os usuários.

“Tal sistema é utilizado atualmente nas principais cidades do mundo, tendo se mostrado uma forma tecnológica, rápida e segura, capaz de reduzir as filas e aglomerações no embarque, evitar/diminuir assaltos e, principalmente, eliminar as cédulas e moedas que em períodos de epidemia e pandemia se tornam vetor de transmissão”, justifica o pedetista.

A queda no faturamento e pressão do grupo empresarial podem estar por trás da mudança proposta por Porto. A tarifa do transporte público tem o custo de R$4,00 e não há reajuste desde 2018. Com a pandemia provocando a redução de 47% dos passageiros, de acordo com dados do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp), que utilizam o serviço, a conta não fecha.

Por meio de nota, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) de Aracaju afirmou que tem conhecimento da PL que tramita na Câmara de Vereadores de Aracaju e aguarda a definição dos parlamentares sobre o projeto. A reportagem buscou posicionamento da Setransp, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.



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