Cidades
Mudança na forma de pagamento coloca em risco função de cobradores nos coletivos em Aracaju
Um dos temores de rodoviários do transporte coletivo da Grande Aracaju pode se tornar realidade caso o Projeto de Lei 139/2021, proposto pelo vice-presidente da Câmara Municipal da capital, o vereador Vinicius Porto (PDT), passe pelo Legislativo e chegue a ser sancionado pelo prefeito Edvaldo Nogueira (PDT). A proposta é que o sistema de bilhetagem eletrônica passe a ser o meio oficial e obrigatório para pagamento da passagem no transporte coletivo.
A problemática reside de que com o meio eletrônico sendo a única forma de pagamento, a função do cobrador seria dispensada tendo em vista que o recebimento de dinheiro das passagens fundamenta sua presença nos veículos. A função, no entanto, já vem sendo apagada, em especial, com a chegada da crise sanitária da covid-19.
Alguns carros já operam somente com o motorista, que exerce as obrigações antes desempenhadas por cobradores. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Aracaju (Sinttra), Miguel Belarmino, em 2020, já havia sinalizado que a função estava sendo ‘extinta de forma abrupta’. Segundo o sindicato, 60% da frota rodava somente com um profissional.
Paralisações feitas por funcionários das empresas que compõem o sistema de transporte coletivo cobravam, entre outras demandas, cobravam a volta dos cobradores aos coletivos. Em fevereiro deste ano, rodoviários estacionaram os ônibus nas ruas de Aracaju e furaram pneus em protesto.
O texto enviado para apreciação da Casa é curto, com sete artigos e foca apenas na mudança da forma de pagamento da tarifa. Não há menção de dispositivos para contornar a crise dos trabalhadores envolvidos.
Como justificativa, o parlamentar insere que a diminuição do risco de contágio, diante da crise sanitária, e a modernização da forma de pagamento trará benefícios para os usuários.
“Tal sistema é utilizado atualmente nas principais cidades do mundo, tendo se mostrado uma forma tecnológica, rápida e segura, capaz de reduzir as filas e aglomerações no embarque, evitar/diminuir assaltos e, principalmente, eliminar as cédulas e moedas que em períodos de epidemia e pandemia se tornam vetor de transmissão”, justifica o pedetista.
A queda no faturamento e pressão do grupo empresarial podem estar por trás da mudança proposta por Porto. A tarifa do transporte público tem o custo de R$4,00 e não há reajuste desde 2018. Com a pandemia provocando a redução de 47% dos passageiros, de acordo com dados do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp), que utilizam o serviço, a conta não fecha.
Por meio de nota, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) de Aracaju afirmou que tem conhecimento da PL que tramita na Câmara de Vereadores de Aracaju e aguarda a definição dos parlamentares sobre o projeto. A reportagem buscou posicionamento da Setransp, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
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