Cidades
Vídeo: Homem é avisado sobre falta de médicos em hospital e assiste mãe morrer em Glória
O caso de um homem no Hospital Regional de Nossa Senhora da Glória, no Alto Sertão sergipano, no último sábado (30), repercutiu no começo desta semana. Genilton Lima de Aragão, conhecido como Corcoran, saiu com sua mãe em estado crítico de Feira Nova até Glória, onde foi informado que não haviam médicos no hospital. Desesperado, gravou um vídeo pedindo ajuda, ameaçando o governador Belivaldo Chagas e a secretária de Saúde Mércia Feitosa. A mãe dele foi atendida e morreu.
No vídeo, ele diz aos gritos: “Cheguei aqui com minha mãe passando mal, tirei praticamente morta de casa. Minha mãe está morrendo em uma cadeira de rodas, e não tem um médico sequer! Atenção governador, secretária de Saúde, minha mãe está morrendo, não dá tempo de levar para Aracaju. Se ela morrer aqui no hospital, eu me suicido, mas mato vocês dois! Vocês rezem para ela não morrer aqui agora”.
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Três dias depois, nesta terça-feira (2), Corcoran deu entrevista à rádio Jornal FM e, muito emocionado, narrou que “os funcionários me informaram que não tem médico. Em uma ação de desespero total, gravei o vídeo. E assim que terminei a gravação, um funcionário veio de dentro do hospital dizendo que tinha médico, pedindo para não divulgar o vídeo”, afirmou.
Segundo ele, sua mãe foi intubada e sedada, até que faleceu no começo da madrugada. Ele ainda destacou que todos os que estavam do lado de fora do hospital, aguardando atendimento, o receberam após o desabafo. Corcoran ainda aproveitou para pedir desculpas às autoridades citadas no momento de aflição.
“Fiquei ali na frente, e todos que chegavam eram atendidos. Peço a Deus que filho nenhum viva os momentos angustiantes que vivi com minha mãe. Ela não morreu em uma cadeira de rodas porque no desespero, gravei aquele vídeo. Peço desculpas ao governador ou do secretário, mas sabia que se usasse os nomes deles, seria atendido”, acrescentou.
Corcoran é um personagem local bastante conhecido. Devoto de Padre Cícero, faz romaria a Juazeiro do Norte (CE) há mais de vinte anos, sendo alguns deles de bicicleta. No município de Feira Nova, ele organiza a festa em homenagem ao santo e é responsável pela construção da única igreja do Padre Cícero.
Respostas das autoridades
A superintendente do Hospital Regional, Maria Luísa Oliveira, disse que realmente houve um erro por parte dos funcionários que informaram não haver médico no local. Ela classificou o ato como “infelicidade” e pediu desculpas pelo ocorrido.
“Os funcionários realmente informaram aquilo, eles são terceirizados. Nós tínhamos médicos na casa. Foi uma infelicidade dos funcionários em avisar isso, porque havia mais de um médico no plantão. No momento de agonia, se eu estivesse na situação dele, também teria gravado aquilo. Não temos o que desculpar”, ressaltou.
Também à rádio Jornal FM, o Superintendente especial de comunicação social, do Estado, Givaldo Ricardo, reforçou o erro dos funcionários. Porém, em relação ao procedimento, o hospital teria agido corretamente.
“Ele foi induzido ao erro, chegou no momento de aflição e isso aconteceu. Ele tinha recebido a informação de um funcionário que será identificado, dizendo que não havia médico. Pela agonia, a gente entende a situação. A mãe foi atendida, teve todos os procedimentos. Tecnicamente o hospital agiu de forma correta, não houve demora no atendimento”, completou.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde de Nossa Senhora da Glória não retornou. O AjuNews aguarda uma resposta para acrescentá-la na matéria.
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