Justiça


MP-RJ acusa Flamengo de coação a garotos sobreviventes de incêndio no Ninho do Urubu


Publicado 11 de setembro de 2020 às 08:44     Por Eduardo Costa     Foto Reprodução

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) acusa o Flamengo de coação aos 16 garotos que sobreviveram ao incêndio no Ninho do Urubu, em fevereiro de 2019. O clube teria proposto pagar R$ 20 mil por danos morais a cada um deles menos de um mês depois da tragédia, mas os jovens e suas famílias teriam que renunciar ao direito de busca na Justiça por outros prejuízos. A informação é do blog “Lei em Campo”, do Uol Esporte.

De acordo com o MP-RJ, “o discurso de que os documentos deveriam ser imediatamente assinados deixava claro que se tratava de uma pré-condição para que os adolescentes permanecessem como atletas da base do clube”.

Em outro trecho do documento obtido pela reportagem, o MP afirma que a tentativa do acordo é “uma situação clara e cristalina de vício do consentimento, em que o réu teria agido com coação e/ou com dolo para fins de inviabilizar que os jovens atletas sobreviventes pudessem preservar seus direitos”.

O MP avalia que o Flamengo cometeu várias ações e omissões que comprometeram o direito à integridade e à vida das vítimas, e causaram danos aos jovens e suas famílias. O clube já chegou a acordos com 16 sobreviventes, mas avalia-se que há uma chance de anulação, o que faria com que o clube pagasse grandes quantias.

“A estratégia do réu foi celebrar um acordo pelo menor valor que conseguisse, e em seguida, pretendeu adotar aquele valor menor como o parâmetro para todas as indenizações. Pretende se beneficiar de uma situação de desequilíbrio de poder e de informação com relação às vítimas”, afirmou o MP.

A Promotoria da Infância e da Juventude teria proposto ao Flamengo a assinatura de um termo de Ajustamento de Conduta (TAC), negado pelo clube. O TAC obrigaria o clube a ter um sistema de prevenção de incêndio certificado pelo Corpo de Bombeiros, manter ambulância com equipe de suporte e não contratar jogadores menores de 14 anos.

Mas o Flamengo não assinou por causa de um ponto: a obrigação de remunerar jogadores com certificado de aprendizagem (entre 14 e 18 anos) com um salário mínimo mensal.

Leia mais:
Defensoria diz que Flamengo sabia dos riscos e não fez nada para evitar a morte dos jogadores em incêndio
Trocas de e-mails mostram que Flamengo sabia de problemas elétricos no Ninho do Urubu, diz site



Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Leia os termos de uso