Cidades


Políticos sergipanos criticam ato de despejo das famílias da Ocupação João Mulungu


Publicado 24 de maio de 2021 às 09:42     Por Fernanda Sales     Foto Reprodução

Após a reintegração de posse das famílias da ocupação João Mulungu, na avenida Ivo do Prado, no centro de Aracaju, neste domingo (23), diversos políticos sergipanos e autoridades do estado se manifestaram contrários aos atos da Polícia Militar de Sergipe durante a desocupação.

Segundo a Polícia Militar, a reintegração foi determinada pela Justiça. A decisão foi do juiz Isaac Costa Soares de Lima, da 9ª Vara Cível de Aracaju.

De acordo com a vice-governadora de Sergipe, Eliane Aquino (PT), deveria ter ocorrido um trabalho conjunto entre diversas frentes do Poder Público que assegurasse, pelo menos, que todas as pessoas fossem testadas. “Além das questões sociais, faltou um olhar para o risco da disseminação do coronavírus. A secretaria de Estado da Inclusão Social não foi notificada com antecedência, mas uma equipe foi direcionada ao local assim que soubemos dos fatos. É lamentável conviver com a ação de despejo de famílias vulneráveis num momento de pandemia. Minha solidariedade às pessoas que viviam na ocupação João Mulungu”, ressaltou.

A vereadora de Aracaju, Linda Brasil (Psol), criticou a forma de despejo. “Meu repúdio à ação desproporcional e violenta por parte do Governo do Estado e Prefeitura de Aracaju, que preferiram desalojar famílias que estavam na ocupação João Mulungu. […] Faço considerações também sobre a falta de humanidade na ação, que além de não levar em conta a conjuntura de crise sanitária, ocorreu de forma a infringir a própria legislação, sobretudo, ao analisarmos os direitos humanos. Fui impedida junto com a vereadora professora Ângela de acessar o local. Meu repúdio e indignação também à prisão arbitrária de militantes e pessoas da ocupação na tentativa de criminalizar o movimento”, destacou a parlamentar em vídeo publicado em suas redes sociais.

A deputada estadual e líder da oposição na Alese, Kitty Lima (Cidadania), também se manifestou contrária a ação da desocupação das famílias. “Lamentável a violência aplicada pelo estado na reintegração de posse da Ocupação João Mulungu. É inadmissível que se criminalize a pobreza! É um verdadeiro retrocesso a aplicação da força quando deveria se haver DIÁLOGO! Enquanto presidente da Comissão de Direitos Humanos da @assembleiasergipe, já estou em contato com a Comissão de Direitos Humanos da OAB, acompanhando este absurdo”.

O deputado estadual Iran Barbosa (PT) emitiu nota pública também discordando da forma como as famílias foram despejadas. “A ocupação de imóvel ocioso por cidadãos e cidadãs que lutam por moradia e pela destinação adequada de propriedade que não cumpre sua função social não pode ser associada a atos ilícitos e muito menos criminalizada. Por isso, presto minha solidariedade aos sete militantes do Movimento de Luta nos Bairros que foram presos durante a desocupação e apelo às autoridades envolvidas que restituam sua imediata liberdade”, informou.

O ex-presidente da OAB Sergipe, Henri Clay Andrade (PSol) também criticou a ação do despejo. “Covarde, estúpida e abusiva a reintegração de posse em Aracaju. Em plena pandemia, o governo de Sergipe usa a força para despejar famílias de prédio da Cosil, sem uso e sem função social há anos. As pessoas estão na rua sem eira nem beira”, declarou em seu Twitter.

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